sexta-feira, 10 de junho de 2011

Treinando cachorro ou criando a filha?

Estou em um dos maiores dilemas EVER. Amanhã a Ju completa 3 meses, ou seja, é o fim do chamado Quarto Trimestre. E, até agora, a gente meio que viveu de acordo com as vontades e necessidades dela. Ela mama, dorme e acorda a hora que quer, toma banho a hora que dá, dorme quase o tempo todo no colo de alguém. E eu sei que uma hora temos que colocar um pouco de rotina e disciplina na vidinha dela. Só não sei como fazer isso.
Não é que não sei quais são as técnicas. Até leio e converso com outras mães. Sei que devemos tentar fazer as coisas sempre mais ou menos na mesma hora, do mesmo jeito, para ela ter referências. Sei também que os primeiros dias são mais difíceis, até ela acostumar com o ritmo. Imagino que, por exemplo, vou passar alguns dias fazendo ela dormir no colo, colocando na cama para ela acordar instantaneamente e eu ter que fazer dormir de novo por mais umas 7452639 vezes até ela dormir de vez na cama.
O meu grande conflito é saber onde está a linha que separa a estabilidade e estrutura que eu quero dar para ela dos treinamentos de psicologia comportamental, que treinam as crianças como se treina cachorros.
Desde que engravidei eu bradava para todos os cantos que minha filha ia dormir no berço desde a primeira noite. Quando a coisa aconteceu de verdade, ela passou dos primeiros dias no carrinho do lado da minha cama (por ser mais fácil de amamentar), para o colo no sofá (sim, eu dormia sentada com ela no colo) para enfim terminar na minha cama (sendo que boa parte dos cochilos diurnos são no colo ou no sling). Não me arrependo. Mudei completamente a opinião sobre o sono da criança, não acho que o bebê deve dormir no berço desde o começo e defendo a importância de se dar muito e muito colo. Mas também sei que a Ju precisa da sua independência, precisa conseguir aos poucos ficar longe do colo sem se desesperar. Além do que, daqui alguns meses a bichinha vai estar pesadíssima!
Pelo que tenho lido, crianças respondem muito bem a rituais, se sentem seguras quando sabem o que está acontecendo. Até mesmo por isso 'acostumam' com as coisas. Ou seja, depois de alguns dias forçando algum hábito, a criança acaba cedendo. Então, depois de alguns dias sofrendo para a criança aprender a dormir sozinha, ela acaba aceitando a nova realidade e passa então a dormir sozinha.
Mas até que ponto essa imposição de hábitos é agressiva demais para a criança? Como vou saber se estou cumprindo minha função de mãe, a ajudando a lidar com uma frustração e mostrando que ela pode crescer e aprender a ser independente ou se estou na verdade enfiando uma regra goela a baixo e destruindo a auto estima da minha filha?
Ok, parece exagero. Afinal, a Ju ainda é uma bebezinha de 3 meses e não vai ser independente da gente tão cedo. Lógico que não. Mas é agora no início que eu acho que nós vamos descobrir nossa forma de sermos pais e como nós achamos que vamos cumprir nosso papel na criação dela.
Esse conflito piorou muito agora que estou oficialmente com menos da metade da licença pela frente. Eu sei que ela vai se deparar com uma mudança muito radical daqui um tempo: vai passar a ter uma rotina muito certinha, com horário para acordar, ir para o berçário, se alimentar, tomar banho; vai passar uma parte do dia em um lugar estranho com pessoas estranhas; vai ser forçada a dormir fora do colo; vai tomar leite num copo ou até mesmo numa mamadeira. E, tudo isso, sem a presença constante da mãe.
Por isso, minha idéia era ir introduzindo essas mudanças aos poucos, estando junto com ela, para que o trauma seja menor. Eu queria começar a colocá-la para tirar os cochilos diurnos no berço ou na cama, começar a alimentá-la no copinho de vez em quando, sair de casa algumas vezes e deixá-la sozinha com o pai, além de tentar deixar nossos dias um pouco mais previsíveis.
Acontece que, como qualquer coisa na minha vida, eu fiquei tensa demais e inflexível demais. Já estou sofrendo por antecipação e pensando que tudo deve ser perfeitamente do jeito que planejei. Tem hora que parece que o parto da Ju não me ensinou nada! Resultado: levei 'puxão de orelha' de todos os lados, inclusive da pediatra, me dizendo que a Ju percebe essa tensão toda e que não tem sentido forçar todas as mudanças de hábito.
O negócio é tentar relaxar e instituir as mudanças aos poucos, aceitando que não vai dar tudo 100% certo exatamente no tempo que eu espero. Parece que quem ainda precisa de muito treinamento sou eu.

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