quinta-feira, 30 de junho de 2011

Oh, crapy day

Já faz um tempo que estamos tendo muita dificuldade para fazer a Ju dormir: ela se recusa a ficar deitada no colo, não aceita chupeta, paninho nem nada que remeta à soneca, brinca até ficar irritada, acaba dormindo sentada no colo, olhando para frente, vencida pelo sono. E normalmente esse processo acontece com muito choro e pais exaustos.
Ontem foi um dia péssimo. Todos os cochilos da Ju foram na base do berreiro, ela ficou o dia todo no colo, mas apenas na posição que ela prefere (virada para frente), não aceitou sling. Eu estava cansada e frustrada.
Eu sinto que não conheço minha filha, que não consigo perceber quando ela está com sono ou fome ou frio, que não sei do que ela gosta. Além disso, me irrita muito saber que as coisas com a Ju não duram. Até uns dias atrás a gente tinha 'pegado a manha' de fazê-la dormir: ela amava a chupeta + o paninho. Dormia cedo e acordava cedo. De repente, de um dia para o outro, as coisas já não servem mais pra ela e a menina dorme as 11h da noite depois de muito esforço. Me sinto uma incompetente. Penso naquelas conversas de grupos de mães onde elas contam como são seus filhos e do que eles gostam: 'Fulaninho dorme toda manhã por 2 horas e depois do almoço por mais 2 horas', 'Olha, o Beltraninho está com fome, conheço esse choro', 'Ah, a Ciclaninha acorda 2 vezes durante a noite, às 2h e às 4h da manhã'. Com a Ju é impossível fazer qualquer afirmação, cada dia é um dia diferente. Tem hora que odeio isso com todas as minhas forças, porque realmente me sinto uma mãe incompetente que não conhece a própria filha.
E era isso, misturado com muito sono, cansaço e angústia (provavelmente por causa da porcaria da volta ao trabalho... fico batendo na mesma tecla, né?) que eu estava sentindo ontem. Conclusão: no fim do dia, quando era mais de 9h da noite e ela ainda estava dando show, eu me vi sendo bruta ao movimentá-la e ríspida ao dizer coisas do tipo 'o que é que você quer?', 'cala a boca e dorme', 'como você está chata'. E, ao perceber isso, explodi de chorar.
Uma das coisas mais importantes da maternidade é o fato de que não tem como fugir da raia. Você tem um dia péssimo, pensa em desistir, faz merda, se toca, chora muito, reflete e vai dormir. E aí, no dia seguinte, a coisa está lá, de novo, para você enfrentar. E vai aprendendo e melhorando a cada dia.
Hoje foi melhor. Não foi perfeito, mas acho que isso nunca é...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Chá com bolinho

Ontem foi dia de sair para tomar um chá com a madrinha da Ju, minha BFF (haahah). Foi uma delícia deixar de falar tanto sobre nenê (um pouco eu tive que falar mesmo, meu assunto principal e quase único é esse) para falar de outras coisas, dar um monte de risadas, comentar sobre o povo que estava na cafeteria. E mais legal ainda é ver a Quel toda babante na Ju, ficando emocionada quando a pequena dorme no colo dela. Amiga, te amo muito!!!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Detalhe

Hoje é 27 de junho e minha licença vai até 27 de julho. Só percebi isso depois de escrever o último post. Hmmm...

Meu reino por um emprego meio período

Hoje é um daqueles dias em que estou inconformada com voltar a trabalhar. Meus dias variam entre aquela força interior que passa por cima da tristeza e pensa 'vamos lá, vai dar tudo certo e você vai fazer o melhor possível para ela' e dias que nem hoje, que o pessimismo me consome.
Começo a pensar no meu dia a dia depois da volta ao trabalho e quase surto. Eu vou acordar cedo, me arrumar e arrumar a Ju, deixá-la no berçário. Depois o Fabio vai buscá-la e ficar com ela em casa à tarde. Aí eu chego em casa, no começo da noite, para ficar com ela e cuidar de todo o resto.
Ou seja, ela vai receber estímulos de outras pessoas, ser alimentada por outras pessoas, chorar e não ser atendida com rapidez (no caso do período que ela passará no berçário), ficar longe do colo e do peito da mãe. Eu vou chegar em casa quando ela já estará praticamente dormindo e vou ficar pouquíssimo tempo com ela acordada. Todas as noites ainda vou ter que dar conta de potes a serem esterelizados, papinhas para o dia seguinte, serviços da casa. E os fins de semana vão ser recheados de tarefas como ir no mercado, visitar os avós e cuidar da casa. Vou ter vários momentos de cansaço e falta de paciência e vou acabar descontando nela e atrapalhando o nosso tempo juntas. Além de perder vários momentos importantes e correr o risco de ela ter uma ligação mais forte com outras pessoas (sim, estou morta de ciúmes).
Aí eu leio textos do Blog Mamíferas, do MamaÉ, do FisioDoula e tantos outros, falando sobre esse modelo de maternagem que eu quero tanto praticar e todos eles me mostram que criança precisa da mãe, de colo, de peito. Que não atender ao choro imediatamente é um problema. E que a mulher tem o direito de escolher ficar em casa para cuidar dos filhos e da família.
Sim, eu sei que isso acontece com milhões de mulheres, inclusive daquelas que praticam a maternidade consciente, que a Ju vai passar só meio período no berçário, ficando o resto do dia no ambiente dela com o pai e depois com a mãe, que existem problemas muito maiores que esse e que nada disso vai matar a gente, blábláblá. Mas hoje eu tô de bode mesmo, então cala a boca e me deixa aqui com o meu egoísmo.
O ideal seria um emprego de meio período. A Ju ficaria de manhã comigo e de tarde com o Fabio, eu não ficaria me sentindo uma inútil em casa (um sentimento que hora ou outra certamente aparece), ganharia menos mas também não gastaria com o berçário. Além do que sairia da loucura que é ser um publicitário de baixo escalão hoje em dia. Quem me viu grávida sabe o quanto eu abusei (ou pior, deixei ser abusada) durante os 9 meses.
Então continuo oferecendo meu reino, meio dente da frente, meu dedo mindinho por um emprego meio período.

sábado, 25 de junho de 2011

Hormônios?

De uns dias pra cá estou a maior bichinha da paróquia. Tudo relacionado a Ju me faz chorar. Olho pra ela dormindo e choro, canto pra ela e choro, leio sobre maternidade e choro. Será que uma hora essa sensação de falta de ar de tanto amor diminui? Será que a gente se acostuma com a maternidade a ponto de não se emocionar com qualquer coisinha?
É um saco ter que admitir, mas eu concordo com aquelas pessoas que me falavam 'você só vai saber o que é ter um filho quando tiver um'. Pois é. Eu sempre ouvi falar do tal amor incondicional, mas nunca tinha sentido algo desse tipo. Uma coisa que te transborda, que chega a doer. É lindo, mas um pouco assustador.
Agora vai ser minha vez de falar que só quem é mãe sabe o que é ser mãe. E aceito que, por mais que seja um saco ouvir essa frase porque ela soa arrogante, esse sentimento é verdade em qualquer situação: só um médico sabe o que é ser médico, só quem perde algo importantíssimo na vida sabe o que é isso, só uma mãe sabe o que é ser mãe. Algumas coisas são necessárias serem vividas para serem sentidas de verdade.
Mas ainda não concordo com o 'toda mulher tem que ser mãe, você só está completa quando tem um filho'. Maternidade é uma escolha pessoal, ninguém tem obrigação de sentir desejos maternais. Até concordo com o pediatra do vídeo que vi esses dias (e esqueci totalmente do nome, mas ele escreveu 'Criança terceirizada', um livro que parece ser bem bacana): pense bem e veja se você realmente quer ter filhos. Eu queria e agora estou sentindo na pele. E agradeço todos os dias por isso.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Mamãe sortuda

É engraçado como esses grupos de apoio à mães fazem bem pra mim. Lembro de uma reunião que fui na qual percebi que todo mundo tinha problemas na amamentação, todo mundo tinha dificuldades com o banho de balde, todos os bebês queriam ficar 24 horas por dia no colo. Percebi nesse dia que a Ju não era diferente, não tinha problemas e que eu não sou assim uma mãe tão ruim.
Ontem eu vi várias mães que queriam muito um parto normal sem intervenções e, mesmo tentando e tendo médicos humanizados e doulas dando apoio, não conseguiram. Vi mães que não tem o apoio do pai do bebê. Bebês com dificuldade extrema para amamentar, mães com mastite ou seios rachados e sangrando.
Aí, olhando para a minha experiência, acabei chegando à conclusão de que sou não só normal, mas sou sortuda. Meu corpo e minha bebê trabalharam tão bem durante o trabalho de parto que não deu nem tempo de irmos para o hospital. Eu não tive nenhuma rachadura ou dor nos seios para amamentar. Não tive falta de leite. O Fabio está sempre presente, envolvido e me ajudando demais. A Ju até teve alguma dificuldade para mamar, que me tirou a tranquilidade por um tempo, mas tudo parece estar resolvido de uma maneira simples e rápida.
Claro que nossa família não é aquele modelo que eu tinha na cabeça: bebê que toma banho de balde, aceita shantala, tem seus horários todos previsíveis, mamãe que entende o que o bebê quer só de ouvir o choro, que se sente inundada de amor 24 horas por dia, que não cansa nem se estressa.
Eu ainda me deparo com umas mães e bebês que parecem muito com esse modelo e sinto um pouco de inveja. Mas essa inveja está dando lugar à dúvida 'será que é assim mesmo?'. Porque passei a acreditar cada vez menos nesse modelo. E passei a não querê-lo mais para mim. Só preciso diminuir cada vez mais a minha neura. Eu, o Fabio e a Ju estamos muitíssimo bem assim do jeito que somos, obrigada.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O drama do berço

A Ju tem 3 meses mas só no fim da semana passada que eu finalmente terminei de arrumar o berço dela. Resolvemos que ela vai conhecer esse móvel do quarto aqui em casa, antes de ir para a escolinha, para o choque lá não ser tão grande. Então, de vez em quando, a gente coloca ela para brincar ou tirar seus cochilos diurnos no berço.
Foi muito mais fácil que eu imaginava. É só colocá-la no berço quando ela já estiver em sono profundo que ela fica na boa. E o acordar assustada num lugar diferente, que era meu maior medo, nem acontece. Ela fica super bem, não chora, fica quietinha brincando. Aliás, ela AMA brincar dentro do berço.
Acontece que, mais por uma coincidência de acontecimentos do que por vontade nossa, a Ju acabou passando uma grande parte dessa noite no berço. E não foi lá aquelas coisas...
Até a primeira mamada da noite, as 12h00, ela dormiu super bem. Eu acordei com ela começando a ranhetar (dormi em um colchão do lado do berço, para evitar que ela tenha que berrar até eu conseguir atendê-la), já dei tete e ela ficou bem. Mas aí os problemas começaram.
Primeiro que, na nossa cama, é só esperar ela arrotar um pouco, checar se está dormindo e deitarmos juntas. Qualquer reclamação dá para contornar com um abraço ou um cheirinho da mãe. Já no berço, tenho que garantir que ela está dormindo bem pesado para poder colocar de volta. Numa dessa, juntando a ninada com os meus próprios cochilos, era 1h30 quando ela deitou de novo no berço.
Só que isso não quis dizer que eu dormi. Ela começou a se contorcer muito, ainda dormindo, e a soltar vários e puns. Então eu levantava de 10 em 10 minutos pra checar se ela tinha acordado, porque ouvia barulhos dela gemendo e se mexendo.
Até que as 3h00 resolvi trocá-la (o cheiro indicava que havia mais do que puns naquela fralda). A bichinha achou que já era de manhã e acordou completamente. Resolvi colocar no peito, para ver se dormia. Aí a nega aproveitou o estímulo para fazer mais um cocozão. Toca trocar a fralda de novo.
Aí era festa. A Ju tinha certeza de que já era hora de acordar e ficou falando, sorrindo, brincando com o móbile no trocador. Tive que fazer ela dormir ninando, cantando, afagando. Era mais de 4h00 quando a devolvi para o berço.
Só que, as 5h00, a pequena acordou de novo. Dei mamar e desisti. Deitamos as duas no colchão no chão mesmo. E foi lá que ela acordou de novo as 7h30, quando eu resolvi levantar de vez.
Fiquei comparando as noites que ela passa na nossa cama com essa. Não posso negar que o berço nos ajuda a dormir mais à vontade. A Ju na cama limita os movimentos, posições e até a profundidade do sono. Mas o fato de eu ter que levantar toda hora que ela emite algum som suspeito é terrível. Na cama, qualquer grunhinhadinha pode ser checada com uma espiada, sem nem me mexer. E, se o problema for fome, é só acoplar na teta. Caso seja cólica, uma massagem ou abraço ali mesmo ajudam bastante. Meu maior desejo essa noite era um espelho no teto do quarto dela, para eu olhar dentro do berço sem ter que sair do colchão...
Além disso, tem a falta da presença uma da outra. Claro que não posso afirmar que a agitação dessa noite foi porque ela estava "longe" de mim. Na cama já tivemos noites até piores que essa. Mas confesso que senti falta dela do meu lado a noite toda. E acho que ela também sentiu falta da gente.
Até aceito que o berço seja uma alternativa para um dia ou outro. Mas realmente não estou preparada para tirar a pequena do meu lado tão cedo...

Questão de personalidade

Ontem fomos em um daqueles churrascões de família, com um monte de gente e bastante barulho e agitação. Chegamos lá e a Ju estava quase dormindo mas, com a comoção que a chegada dela gera, a bichinha acordou e ficou extremanente irritada. Deu um pouco de trabalho conseguir fazê-la dormir, tivemos que ir para um cantinho mais calmo, dar tete (apesar de ela gorfar em seguida, pois estava muito agitada), trocar fralda e roupa (ela se cagou inteira) e apelar para a chupeta ao som de Frank Sinatra até que ela capotou. Depois de acordar ela até ficou bem, aceitou ficar no meio da farra, foi no colo de um monte de vó, tia e primo, mas sempre com uma carinha meio desconfiada, até que dormiu de novo, no colo do pai.
Antes de engravidar, a imagem que tinha do meu filho era de uma criança que vai com todo mundo, que fica super bem no meio do barulho, que não é grudado na barra da saia da mãe (ou da calça do pai). E que tudo isso era uma questão de acostumar a criança desde pequenina. Pois é, eu só não tinha pensado na personalidade da criança. A Ju é uma menina do tipo clássico: super delicadinha, assusta com tudo, não gosta de muvuca.
A gente nunca impediu as pessoas de pegarem ela no colo, nunca deixou a casa super silenciosa. Claro que tem o fato de que ela está acostumada a passar o dia todo em um lugar mais quieto (não moro mais no centrão da cidade) e apenas com o pai e a mãe. Mas ela simplesmente é assim.
E eu sei que tem gente que acha que a gente protege ela demais, não a acostuma com o agito e que, por isso, ela vai estranhar qualquer mudança de rotina. Pode ser. Mas temos que tomar cuidado para que o 'acostumar' não seja um desrespeito à personalidade dela. Eu ultimamente estou muito com o pé atrás com essa questão de acostumar ou ensinar alguns padrões de comportamento para a Ju. Com o apoio de amigas e do Fabio penso cada vez mais em qual a real necessidade de acostumá-la a alguma coisa, se isso realmente vai fazer diferença ou se ela sofreria menos no futuro estando acostumada.
Ainda tenho dificuldades com isso, pois sempre achei que a criança deve ser treinada, deve se adaptar à rotina dos adultos e que os pais devem ensinar tudo isso. Mas estou conseguindo achar a linha que fica entre o nosso papel de pais (que ensinam, mostram o que pode e o que não pode e ajudam a criança a lidar com as frustrações) e o respeito aos limites pessoais dela.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os absurdos da busca por berçário

Acho que definimos qual o berçário que vamos deixar a Ju quando eu voltar a trabalhar. Foi a primeira escolinha que visitamos e a única que nos sentimos seguros. É bem limpinha, a comida é fresquinha, as tias são bastante carinhosas, berçaristas formadas e com vários cursos, o número de crianças por cuidadora é baixo, as instalações são seguras. Além disso eles pareceram apoiar o aleitamento materno, se mostraram dispostos a tentar dar o leite no copinho e as visitas dos pais são livres.
Escolhemos a primeira escola que visitamos, mas não deixamos de ir em algumas outras. Acho que você só tem certeza de uma escolha certa quando conhece as erradas. E como eram erradas, meu deus. Vi tudo quanto é absurdo nas outras escolinhas: sujeira, tias inexperientes, falta de segurança, falta de apoio às decisões dos pais. Algumas 'pérolas' ficaram marcadas:
- Perguntamos 'Qual a formação das tias?' e ouvimos 'Elas não são formadas em nada, mas tem uma boa noção, viu'.
- Perguntamos 'Posso vir amamentar a Ju durante o dia, caso consiga uma brecha?' e ouvimos 'Ahn, mas ela vai pegar tão bem a mamadeira que nem vai precisar, você vai ver'.
- Vimos o berçário da escola terminar em uma enorme sacada, que dá para a piscina olímpica da escola. Detalhe: sem nenhuma tela de proteção.
Fora de cogitação deixar a Ju nesses lugares. Sim, são mais baratos, mas eu e o Fabio preferimos dobrar o esforço no trabalho para garantir um lugar tranquilo para ela. Tudo bem, não é 100% como eu queria. Eu acho que ela não vai ter a quantidade de colo que eu gostaria. Essa não é uma escola voltada ao estilo de maternagem que está me atraindo cada vez mais. Acontece que essas escolas são para hippies ricos (ahahah). Infelizmente não tenho condições financeiras para elas. A gente vai ficar com o melhor que podemos dar para a Ju. E estamos bem tranquilos com essa decisão.
Mas não posso deixar de comentar sobre algo que me chamou muito a atenção em todas as escolinhas. Na hora de mostrar as cozinhas, todas fazem questão de deixar claro que cada aluno tem as suas coisinhas, separadas e garantidas. Por isso, abrem a porta do armário e mostram um mundo de latas de leite artificial de todos os tipos. A grande vantagem, ali, é mostrar que são todas etiquetadas, para ninguém achar que seu filho não toma o leite correto, recomendado pelo pediatra. E toda vez que eu falo do leite materno, a reação é parecida com 'ahn, teve uma vez que uma mãe mandou, mas acho que ela desistiu porque dá muito trabalho'.
Isso é triste. Não posso condenar a mãe que tentou e desistiu. Eu mesma não sei como vai ser. Pode ser que eu não consiga manter o aleitamento por muito tempo. Pelo menos essa mãe foi até o limite dela (ou que ela mesma estabeleceu para si). Mas ver aquele monte de latinha de leite me deixou um pouco abalada.
Tomara que isso me dê ainda mais força para lutar pelo aleitamento materno da Ju. Sei o quanto vou ficar cansada, vou pensar em o quanto a mamadeira com pó é mais prática e querer desistir. Por isso quero sempre estar com esse sentimento na memória, para me lembrar o quanto eu realmente acho importante a Ju mamar até quando ela e eu quisermos e pudermos.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Obrigada, mas não vou queimar o sutiã. Ele sustenta minhas tetas, que tenho por ser mulher.

A discussão de hoje no MamaÉ foi muito bacana. Falamos bastante sobre os conflitos que a mulher vive ao voltar ao trabalho quando na verdade quer ficar em casa cuidando dos filhos e da família. É tão bom ouvir outras mães, descobrir novas possibilidades ou ajudar alguém com alguma idéia diferente.
Ficou nítido que todas concordam que alguns valores da sociedade atual estão tortos. Ninguém ali negava o quanto é importante para a mulher se sentir útil, produtiva e bem sucedida profissionalmente, mas todas reconhecem o quanto é difícil aceitar e assumir que escolheu, pelo menos para aquele momento, abdicar da carreira para se dedicar ao filho. A família não a entende, a sociedade a condena, o mercado de trabalho a esquece, e a própria mulher não consegue lidar com essa escolha. Eu nem posso dizer que estou voltando por esse tipo de pressão. Assumo que, agora, o que quero mesmo é ficar em casa com a Ju por um bom tempo. Volto mesmo por necessidade financeira. E odeio isso.
Admiro muito a força e a coragem das feministas do século passado. A mulher era extremamente reprimida e precisava dessa força para ter seus direitos garantidos. Mas acho que, no meio do caminho, o feminismo se perdeu. A igualdade de direitos passou a ser apenas igualdade. E a mulher acha que tem que ser igual ao homem, ou até mesmo melhor que ele. Se eu falar que gosto de ficar em casa, deixar tudo limpinho e fazer o prato favorito do meu marido no jantar sou tida como louca, atrasada e anti-feminismo. Se eu disser que um dos papéis da mulher é cuidar da família e da criação dos filhos, sou ainda mais louca, atrasada e anti-feminismo. Mas eu realmente acredito que existe coisa de mulher e coisa de homem. Não porque um não pode ou não deve fazer a coisa do outro, mas porque eles são de naturezas diferentes e complementares. E minha natureza de mulher está sendo contrariada tendo que deixar a Ju em uma escolinha e com o pai (sei que é uma ótima opção, mas tenho ciúmes, sim) para ir trabalhar em uma carreira que já não me agradava mais bem antes da gravidez.
Não posso afirmar que, caso pudesse ficar sem trabalhar, não iria ter vontade de voltar daqui um tempo. Mas aí acho que a coisa seria um pouco mais natural. Eu começaria a ter a vontade pessoal de trabalhar fora, perceberia a Julia mais preparada para lidar com isso e voltaria ao mercado. Mas, do jeito que tem que ser, acho a coisa injusta e muito bruta.
E agora estou aqui, procurando escolinhas, pensando em acostumar a Ju à nova rotina antecipadamente (e tendo MILHÕES de conflitos internos por causa disso - né, Elena?), pensando em como ordenhar, armazenar e dar o leite para ela na minha ausência. Tudo isso com dois pensamentos fortes: 'não quero fazer isso, pára tudo AGORA, faz de conta que não vai acontecer nada daqui um mês e aproveita até o fim' e 'não tem jeito, vai MESMO acontecer algo indesejado daqui um mês, você tem a obrigação de tornar tudo o mais fácil possível para ela'. Sinceramente, ainda não consegui decidir qual dos dois pensamentos devo seguir...

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Treinando cachorro ou criando a filha?

Estou em um dos maiores dilemas EVER. Amanhã a Ju completa 3 meses, ou seja, é o fim do chamado Quarto Trimestre. E, até agora, a gente meio que viveu de acordo com as vontades e necessidades dela. Ela mama, dorme e acorda a hora que quer, toma banho a hora que dá, dorme quase o tempo todo no colo de alguém. E eu sei que uma hora temos que colocar um pouco de rotina e disciplina na vidinha dela. Só não sei como fazer isso.
Não é que não sei quais são as técnicas. Até leio e converso com outras mães. Sei que devemos tentar fazer as coisas sempre mais ou menos na mesma hora, do mesmo jeito, para ela ter referências. Sei também que os primeiros dias são mais difíceis, até ela acostumar com o ritmo. Imagino que, por exemplo, vou passar alguns dias fazendo ela dormir no colo, colocando na cama para ela acordar instantaneamente e eu ter que fazer dormir de novo por mais umas 7452639 vezes até ela dormir de vez na cama.
O meu grande conflito é saber onde está a linha que separa a estabilidade e estrutura que eu quero dar para ela dos treinamentos de psicologia comportamental, que treinam as crianças como se treina cachorros.
Desde que engravidei eu bradava para todos os cantos que minha filha ia dormir no berço desde a primeira noite. Quando a coisa aconteceu de verdade, ela passou dos primeiros dias no carrinho do lado da minha cama (por ser mais fácil de amamentar), para o colo no sofá (sim, eu dormia sentada com ela no colo) para enfim terminar na minha cama (sendo que boa parte dos cochilos diurnos são no colo ou no sling). Não me arrependo. Mudei completamente a opinião sobre o sono da criança, não acho que o bebê deve dormir no berço desde o começo e defendo a importância de se dar muito e muito colo. Mas também sei que a Ju precisa da sua independência, precisa conseguir aos poucos ficar longe do colo sem se desesperar. Além do que, daqui alguns meses a bichinha vai estar pesadíssima!
Pelo que tenho lido, crianças respondem muito bem a rituais, se sentem seguras quando sabem o que está acontecendo. Até mesmo por isso 'acostumam' com as coisas. Ou seja, depois de alguns dias forçando algum hábito, a criança acaba cedendo. Então, depois de alguns dias sofrendo para a criança aprender a dormir sozinha, ela acaba aceitando a nova realidade e passa então a dormir sozinha.
Mas até que ponto essa imposição de hábitos é agressiva demais para a criança? Como vou saber se estou cumprindo minha função de mãe, a ajudando a lidar com uma frustração e mostrando que ela pode crescer e aprender a ser independente ou se estou na verdade enfiando uma regra goela a baixo e destruindo a auto estima da minha filha?
Ok, parece exagero. Afinal, a Ju ainda é uma bebezinha de 3 meses e não vai ser independente da gente tão cedo. Lógico que não. Mas é agora no início que eu acho que nós vamos descobrir nossa forma de sermos pais e como nós achamos que vamos cumprir nosso papel na criação dela.
Esse conflito piorou muito agora que estou oficialmente com menos da metade da licença pela frente. Eu sei que ela vai se deparar com uma mudança muito radical daqui um tempo: vai passar a ter uma rotina muito certinha, com horário para acordar, ir para o berçário, se alimentar, tomar banho; vai passar uma parte do dia em um lugar estranho com pessoas estranhas; vai ser forçada a dormir fora do colo; vai tomar leite num copo ou até mesmo numa mamadeira. E, tudo isso, sem a presença constante da mãe.
Por isso, minha idéia era ir introduzindo essas mudanças aos poucos, estando junto com ela, para que o trauma seja menor. Eu queria começar a colocá-la para tirar os cochilos diurnos no berço ou na cama, começar a alimentá-la no copinho de vez em quando, sair de casa algumas vezes e deixá-la sozinha com o pai, além de tentar deixar nossos dias um pouco mais previsíveis.
Acontece que, como qualquer coisa na minha vida, eu fiquei tensa demais e inflexível demais. Já estou sofrendo por antecipação e pensando que tudo deve ser perfeitamente do jeito que planejei. Tem hora que parece que o parto da Ju não me ensinou nada! Resultado: levei 'puxão de orelha' de todos os lados, inclusive da pediatra, me dizendo que a Ju percebe essa tensão toda e que não tem sentido forçar todas as mudanças de hábito.
O negócio é tentar relaxar e instituir as mudanças aos poucos, aceitando que não vai dar tudo 100% certo exatamente no tempo que eu espero. Parece que quem ainda precisa de muito treinamento sou eu.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Qual o problema com o mundo?

As coisas estão ficando cada vez mais sem sentido. Ou eu que só estou percebendo agora que o mundo tem sérios problemas. Nem estou falando de problemas de pobreza, desigualdade social, drogas, guerras, meio ambiente, religião ou esses problemões mega sérios e mega complexos. Tô falando de problemas sérios mas infinitamente simples e fáceis de resolver. Só não consigo entender por que eles não são resolvidos.
Nesse último domigo precisou acontecer uma mobilização nacional para defender a amamentação, já que uma mãe foi impedida de amamentar o filho em uma galeria de arte devido a ser proibido se alimentar ali e outra mãe foi obrigada a retirar a foto dela amamentando o filho de uma rede social por se tratar de conteúdo impróprio (oi???). Agora na Espanha uma mãe perde a guarda da sua filha de 15 meses porque resolveu ir contra as recomendações das ditas autoridades locais e continuar amamentando a menina por mais tempo que o indicado (alor???).
Além disso, cesáreas desnecessárias são cada vez mais estimuladas, não se pode mais carregar o filho no colo o dia todo, nem dormir com ele na mesma cama, nem atendê-lo quando ele chama. Sério, qual é a merda do problema com o mundo?
Amamentar agora é 'impróprio'? Desculpe, mas se você consegue sexualizar a amamentação, merece um tratamento psiquiátrico daqueles dignos de camisa de força e quarto de isolamento com almofadas nas paredes.
Ok, antes do bebê começar a mamar e logo quando ele larga pode ser que apareça uma teta inteira. Mas na maior parte do tempo em que o bebê mama, a parte principal das tetas está mais coberta que está nas capas de revistas. Ou você nunca viu uma capa de Nova, revista que se diz feminina mas que tem capas que agradam os punheteiros mais que a própria Playboy? E, no caso das revistas, a intenção é 100% sexual, o contrário da amamentação.
Ok, pode ser que algumas mães aproveitem a chance para se exibir um pouco. É, pode ser mesmo. Mais um motivo para não sexualizarmos a amamentação. Se ninguém se mostrar chocado (ou pior, excitado) com a cena, uma hora essa mãe trouxa vai perceber que, naquele momento, suas tetas não passam de restaurantes self-service. Quer atrair alguém com os peitões? Faz isso em casa, com o maridão, de preferência sem o bebê junto (né?).
Mas garanto que a maioria das mães querem mesmo é dar o melhor para o seu bebê. Porque amamentar é, sim, o melhor que pode ser feito para uma criança. Por mais que os idiotas dos espanhóis que separaram a Habiba da sua filhinha digam o contrário.
E, além de ser melhor, é mais barato, higiênico, prático, e ajuda a criar cidadãos melhores. Pois é, criança que mama no peito tem mais chances de ter uma relação melhor com a mãe e a família, de se sentir amada, protegida e segura, e virar um adulto um pouco melhor. Não só a amamentação, mas a relação mais natural com a gestação, o nascimento e a infância ajudam no surgimento desses adultos.
Sim, a mãe tem o direito de parir, de se sentir mais mulher que nunca, de sofrer pelo fim da gestação, de ser marcada pela chegada do seu filho. Sim, os bebês podem ser acolhidos de uma forma menos traumática e mais acolhedora, podem receber o carinho e proteção que necessitam, podem ser afagados o tempo todo. Sim, podem dormir junto aos seus pais para terem suas necessidades atendidas de imediato, para manter a família sintonizada e para todos se conhecerem ao máximo.
E nada disso é prático, às vezes dói e exige dedicação. Mas vale a pena e é de fácil acesso. Amamentação, parto natural humanizado, carinho e atenção, são simples, baratos e todos podem fazer. Realmente não entendo o motivo real de isso não acontecer. Me sinto mal em viver num mundo que estimula a criação de cidadãos mais inseguros, com baixa auto-estima, agressivos ou com outros problemas do tipo somente por questões econômicas: para vender mais leite em pó, para as mães acharem que devem voltar correndo ao trabalho com medo de perder espaço no mercado, para médicos fazerem seu trabalho cada vez mais rápido, fácil e com mais lucro. Mundinho triste esse em que minha filha vai crescer...
PS: Se quiser assinar a petição para reunir Habiba e a sua bebê, entre no link http://actuable.es/peticiones/dile-al-instituto-madrileno-del-menor-y-familia-reuna-a.

terça-feira, 7 de junho de 2011

A tal crise dos 3 meses

Faz quase uma semana que a Ju tá um cocozinho. E, de uns dias pra cá, ela tem se tornado um cocozão. Várias crises histéricas e incontroláveis de choro, sem motivo aparente.
Na verdade, vários motivos aparentes mas nenhum motivo conclusivo. Minha casa parece a (péssima) campanha da Pepsi: tudo 'pode ser'.
- O nariz está escorrendo um pouco, o pai estava doente... pode ser resfriado.
- A gengiva parece mais branca, a baba aumentou consideravelmente, ela morde a chupeta e os dedos o dia todo... pode ser dentinho.
- Depois do choro normalmente vem muitos puns e cocô... pode ser cólica.
- Ela está sempre aparentando lutar com o sono enquanto berra... pode ser birra antes de uma sonequinha.
Ou seja, eu não tenho idéia de qual é o problema real. Talvez uma combinação de todos? Talvez nenhum deles? Fico admirada com aquelas mães que sabem exatamente o que acontece com os filhos em cada crise que eles tem, mas não sei se consigo acreditar que elas são tão boas assim. Será que tem como saber o que está errado só de ver o jeito do filho ou de ouvir o seu choro?
Comecei a pesquisar sobre a crise dos 3 meses, quando o período simbiótico chega ao fim e a criança se dá conta de que ela e a mãe são coisas separadas. Também vi que na mesma época (é claro, quem disse que ia ser fácil?) acontece uma crise na amamentação por causa de um pico de crescimento da criança, quando ela demanda mais mamadas para naturalmente aumentar a produção de leite da mãe.
Como nada pode ser generalizado, alguns sintomas batem certinho com esses meus últimos dias, outros não. Mas acredito que estamos, sim, no meio de uma bela de uma crise. A pediatra vai examiná-la na sexta-feira e, se realmente não tiver problemas físicos, o negócio é ajudar a pequena a superar essa fase e esperar, que uma hora acaba.
O mais engraçado é que ela passa por uma crise no mesmo momento que eu passo por uma crise. Estamos começando a preparar tudo para meu retorno ao trabalho. Agora já não ignoro mais o assunto, já consegui tomar um ânimo para tentar fazer o melhor possível para que a gente não sofra muito. Mas estar disposta a fazer as coisas não quer dizer que eu gosto delas. Estou realmente triste, por mais que saiba que muitas mães fazem isso e que não é o fim do mundo. No meu caso, é o fim do meu mundo do jeito que ele é agora, de uma forma e em um momento que eu considero muito injustos.
Pode até ser que aos 3 meses de idade a criança se dê conta de que ela e a mãe são seres separados. Mas será que a mãe está pronta para se dar conta da mesma coisa?

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O meu marco de desenvolvimento

Ontem o mamaço estava bem gostoso. Mais frio que que a gente gostaria, menos participantes do que a gente esperava. Mas as poucas pessoas que apareceram conseguiram animar o evento e espantar o frio.
Para variar, a Ju era uma das crianças mais novas do lugar (se é que não era A mais nova). E eu era, portanto, a mãe menos experiente de todas. Nitidamente atrapalhada com aquele monte de bolsas, derrubando fralda no chão, deixando as pessoas falando sozinhas quando a Ju chorava.
Chorava mesmo! A bichinha resolveu dar um showzinho particular e abrir o berreiro. Essa crise dos 3 meses, intolerância a lactose, refluxo, cólica ou qualquer que seja o motivo do chororô realmente atacou essa semana. Eu tentando quase que em vão acalmá-la e as pessoas olhando com cara de 'Meu deus, o que ela está fazendo com essa criança???'. Coisa que já estou me acostumando...
Até mesmo porque sei que todo mundo ali era do bem. Chega a ser engraçada a quantidade de gentilezas que eu recebi. Todo mundo ajudando a cobrir a Ju, catando as coisas que caíam no chão atrás de mim, pegando as coisas que eu precisava na bolsa. 'Será que ela não está com frio?', 'Você precisa de alguma ajuda?', 'Se não trouxe mais um casaco ou touquinha eu posso emprestar' eram algumas das frases que eu ouvia. Todas super prestativas.
Pois é, pode ser que a Ju tenha passado frio ou que eu tenha feito algumas muitas cagadas nesses quase 3 primeiros meses da vidinha dela aqui fora. Mas sei que estou fazendo o melhor que eu consigo. E em uma boa parte do tempo eu nem sei direito o que estou fazendo, só estou tentando descobrir da melhor forma.
E não é assim com todas as mães? Umas mais instintivas do que outras, mas acredito que ninguém nasce sabendo cuidar de um bebê. Tenho dó dos pequenos, que acabam sendo cobaias das mães. Mas eles também estão aprendendo a viver. Sinto que tudo isso faz parte do processo. Por isso tento não ligar para as caras de reprovação que recebo quando a Ju está chorando em algum lugar público.
Pois é, ontem passei pelo meu primeiro marco de desenvolvimento. Foi a primeira vez que saí com ela e perdi/esqueci algo para trás. Foi a tampa da chupeta. Coisa simples, sorte que não foi a máquina fotográfica. Mas quando percebi, fiquei bastante chateada. 'Poxa, será que sou assim tão desligada ou atrapalhada?', 'Não tomo cuidado com as coisas?', 'Será que não tomo cuidado suficiente com ela?'. Mas agora já estou pensando que isso acontece mesmo. E vai acontecer muito mais vezes.
Mas ainda tenho esperança de encontrar a tampinha no fundo da bolsa ou caída no banco do carro...

sábado, 4 de junho de 2011

Perfeito em seus defeitos

Uma das características que preciso reforçar na minha personalidade é a auto preservação. Vira e mexe conto algo pessoal para alguém, na maior inocência, e esse fato acaba se virando contra mim ou sendo todo retorcido e mal interpretado. Mas dessa vez foi muita injustiça. Pegaram o acontecimento mais importante da minha vida, o parto da minha filha, e fizeram dele algo ruim. E NINGUÉM tem o direito de fazer isso. Menos ainda para prejudicar outra pessoa além de mim.
Ouvir recriminação das pessoas que não entendem, não conhecem ou não se interessam pelos benefícios físicos e psicológicos do parto natural nunca me atingiu. Odeio admitir, mas muitas vezes até acho que estou um passo na frente dessas pessoas, pois eu sei que existe algo intenso, empoderador e naturalmente feminino e elas não. Me sinto bem e totalmente segura das minhas decisões, pensando "o azar é deles".
Mas ouvir isso das pessoas que, em teoria, estão envolvidas nesse mundo, me decepciona muito. Pior: acaba fazendo com que eu questione o que aconteceu e perca um pouco da fé que tive em mim nesse tempo todo.
Portanto, gostaria de esclarecer tudo. Para eu mesma me sentir melhor e aceitar o parto exatamente do jeito que ele aconteceu, sem nenhum questionamento.
- Sim, eu, meu marido e minha doula estávamos em casa sem a presença de um médico obstetra no momento que a bebê nasceu.
- Sim, nós fomos pegos de surpresa e talvez não reagimos do jeito mais racional e seguro do mundo.
- Sim, olhando agora eu acho que deveria ter pensado em levantar na hora que a bebê saiu e, por isso, tenho medo de ter um instinto materno "defeituoso".
- Sim, eu acho que deveria ter sido convencida a levantar.
- Sim, eu acho que a médica poderia ter sido mais cuidadosa.
- Sim, nós corremos um risco relativamente grande.
Mas, o 'sim' mais importante diz que:
- Meu corpo foi preparado para o parto com total consciência e dedicação.
- Eu e meu marido temos total confiança e carinho pela doula que nos acompanhou.
- A gestação foi de baixíssimo risco.
- Nós estávamos preparados para ir para o hospital. O parto acabou sendo mais rápido do que todos nós, inclusive a médica, achávamos que seria.
- A obstetra me examinou no início do trabalho de parto e checou o andamento dele por telefone, me dando orientações.
- A obstetra e a pediatra vieram correndo para minha casa, examinaram a mim e à bebê e ambas estávamos perfeitamente bem.
Então posso dizer com orgulho que SIM, MINHA FILHA NASCEU EM CASA, SEM MÉDICO, NO SUSTO, E CAIU DE CABEÇA NA PRIVADA. E ELA É UMA BEBÊ LINDA, SAUDÁVEL E FELIZ, OBRIGADA. Acho que, no final das contas, eu posso adorar ser 'o caso da menina que nasceu na privada', um parto único, maravilhoso em seus defeitos, e TOTALMENTE MEU.