terça-feira, 14 de junho de 2011

Obrigada, mas não vou queimar o sutiã. Ele sustenta minhas tetas, que tenho por ser mulher.

A discussão de hoje no MamaÉ foi muito bacana. Falamos bastante sobre os conflitos que a mulher vive ao voltar ao trabalho quando na verdade quer ficar em casa cuidando dos filhos e da família. É tão bom ouvir outras mães, descobrir novas possibilidades ou ajudar alguém com alguma idéia diferente.
Ficou nítido que todas concordam que alguns valores da sociedade atual estão tortos. Ninguém ali negava o quanto é importante para a mulher se sentir útil, produtiva e bem sucedida profissionalmente, mas todas reconhecem o quanto é difícil aceitar e assumir que escolheu, pelo menos para aquele momento, abdicar da carreira para se dedicar ao filho. A família não a entende, a sociedade a condena, o mercado de trabalho a esquece, e a própria mulher não consegue lidar com essa escolha. Eu nem posso dizer que estou voltando por esse tipo de pressão. Assumo que, agora, o que quero mesmo é ficar em casa com a Ju por um bom tempo. Volto mesmo por necessidade financeira. E odeio isso.
Admiro muito a força e a coragem das feministas do século passado. A mulher era extremamente reprimida e precisava dessa força para ter seus direitos garantidos. Mas acho que, no meio do caminho, o feminismo se perdeu. A igualdade de direitos passou a ser apenas igualdade. E a mulher acha que tem que ser igual ao homem, ou até mesmo melhor que ele. Se eu falar que gosto de ficar em casa, deixar tudo limpinho e fazer o prato favorito do meu marido no jantar sou tida como louca, atrasada e anti-feminismo. Se eu disser que um dos papéis da mulher é cuidar da família e da criação dos filhos, sou ainda mais louca, atrasada e anti-feminismo. Mas eu realmente acredito que existe coisa de mulher e coisa de homem. Não porque um não pode ou não deve fazer a coisa do outro, mas porque eles são de naturezas diferentes e complementares. E minha natureza de mulher está sendo contrariada tendo que deixar a Ju em uma escolinha e com o pai (sei que é uma ótima opção, mas tenho ciúmes, sim) para ir trabalhar em uma carreira que já não me agradava mais bem antes da gravidez.
Não posso afirmar que, caso pudesse ficar sem trabalhar, não iria ter vontade de voltar daqui um tempo. Mas aí acho que a coisa seria um pouco mais natural. Eu começaria a ter a vontade pessoal de trabalhar fora, perceberia a Julia mais preparada para lidar com isso e voltaria ao mercado. Mas, do jeito que tem que ser, acho a coisa injusta e muito bruta.
E agora estou aqui, procurando escolinhas, pensando em acostumar a Ju à nova rotina antecipadamente (e tendo MILHÕES de conflitos internos por causa disso - né, Elena?), pensando em como ordenhar, armazenar e dar o leite para ela na minha ausência. Tudo isso com dois pensamentos fortes: 'não quero fazer isso, pára tudo AGORA, faz de conta que não vai acontecer nada daqui um mês e aproveita até o fim' e 'não tem jeito, vai MESMO acontecer algo indesejado daqui um mês, você tem a obrigação de tornar tudo o mais fácil possível para ela'. Sinceramente, ainda não consegui decidir qual dos dois pensamentos devo seguir...

2 comentários:

  1. Adorei o título!! mas essa revolução feminista nos trouxe grandes encargos, nos sobrecarregou de tarefas que antes, eram executadas sem stress. A mulher era mãe, esposa e dona de casa. Hoje somos mães, esposas, donas de casa, donas de escritórios, donas de carreiras que nos sugam a alma para serem administradas. Enfim, acho que hoje não e'um bom dia p/ eu escrever sobre isso pq estou especialmente sobrecarregada... *rs

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