Uma das características que preciso reforçar na minha personalidade é a auto preservação. Vira e mexe conto algo pessoal para alguém, na maior inocência, e esse fato acaba se virando contra mim ou sendo todo retorcido e mal interpretado. Mas dessa vez foi muita injustiça. Pegaram o acontecimento mais importante da minha vida, o parto da minha filha, e fizeram dele algo ruim. E NINGUÉM tem o direito de fazer isso. Menos ainda para prejudicar outra pessoa além de mim.
Ouvir recriminação das pessoas que não entendem, não conhecem ou não se interessam pelos benefícios físicos e psicológicos do parto natural nunca me atingiu. Odeio admitir, mas muitas vezes até acho que estou um passo na frente dessas pessoas, pois eu sei que existe algo intenso, empoderador e naturalmente feminino e elas não. Me sinto bem e totalmente segura das minhas decisões, pensando "o azar é deles".
Mas ouvir isso das pessoas que, em teoria, estão envolvidas nesse mundo, me decepciona muito. Pior: acaba fazendo com que eu questione o que aconteceu e perca um pouco da fé que tive em mim nesse tempo todo.
Portanto, gostaria de esclarecer tudo. Para eu mesma me sentir melhor e aceitar o parto exatamente do jeito que ele aconteceu, sem nenhum questionamento.
- Sim, eu, meu marido e minha doula estávamos em casa sem a presença de um médico obstetra no momento que a bebê nasceu.
- Sim, nós fomos pegos de surpresa e talvez não reagimos do jeito mais racional e seguro do mundo.
- Sim, olhando agora eu acho que deveria ter pensado em levantar na hora que a bebê saiu e, por isso, tenho medo de ter um instinto materno "defeituoso".
- Sim, eu acho que deveria ter sido convencida a levantar.
- Sim, eu acho que a médica poderia ter sido mais cuidadosa.
- Sim, nós corremos um risco relativamente grande.
Mas, o 'sim' mais importante diz que:
- Meu corpo foi preparado para o parto com total consciência e dedicação.
- Eu e meu marido temos total confiança e carinho pela doula que nos acompanhou.
- A gestação foi de baixíssimo risco.
- Nós estávamos preparados para ir para o hospital. O parto acabou sendo mais rápido do que todos nós, inclusive a médica, achávamos que seria.
- A obstetra me examinou no início do trabalho de parto e checou o andamento dele por telefone, me dando orientações.
- A obstetra e a pediatra vieram correndo para minha casa, examinaram a mim e à bebê e ambas estávamos perfeitamente bem.
Então posso dizer com orgulho que SIM, MINHA FILHA NASCEU EM CASA, SEM MÉDICO, NO SUSTO, E CAIU DE CABEÇA NA PRIVADA. E ELA É UMA BEBÊ LINDA, SAUDÁVEL E FELIZ, OBRIGADA. Acho que, no final das contas, eu posso adorar ser 'o caso da menina que nasceu na privada', um parto único, maravilhoso em seus defeitos, e TOTALMENTE MEU.
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