sábado, 28 de janeiro de 2012

Tenho achado que devia parar um pouco de ler sobre maternidade. Isso é uma das causas das minhas neuras atuais e do meu sofrimento 'tenho-que-fazer-tudo-certo'. Devia sentir mais, seguir meu instinto, fazer o que EU acho que é o certo. Mas aí me vejo caindo em contradição.

Porque eu sou daquelas que xinga (escondido, pra não 'dar treta', mas xingo) as mães que fazem coisas que eu não concordo, porque acho absurdo elas terem acesso às informações e mesmo assim tomarem essas decisões. Sei que é questão de opinião, claro, mas acho estranho a pessoa fazer cesárea por causa de cordão sendo que está acessível a informação de que essa não é uma indicação real de cesárea, ou dar Danoninho pra um bebê sendo que a própria empresa fabricante recomenda que só crianças com mais de 4 anos (QUA-TRO-A-NOS) consumam o tal queijinho, e etc e tal. Eu acredito piamente que uma boa parte do 'ser bons pais' é conhecer ao máximo as coisas que envolvem gestação, parto e criação de filhos. Conhecer vários lados e várias teorias e optar por aquela que acha mais válida, que se encaixa melhor no seu estilo de vida e nos valores da sua família. Mas, tirando quem não tem acesso, não dá pra alegar ignorância.

E aí está minha necessidade de ler sobre maternidade. É necessário porque tem coisas (muitas) que eu simplesmente não sei. E, em se tratando do bem estar da Ju, tenho PÂNICO de fazer algo como aquela mãe que tentou matar os piolhos das filhas com Detefon pois, na cabeça dela, aquilo é veneno que mata bichinhos, os piolhos são bichinhos, então tá valendo. Ela não sabia que estava fazendo algo ruim para as filhas. E eu posso estar prejudicando a Ju sem nem saber. Dando um remédio que faz mal, uma vacina arriscada, um alimento com toneladas de gordura trans, um ensinamento que vai ser ruim para o psicológico dela. Eu sinto que preciso aprender e aprender e aprender.

O segredo, provavelmente, está em continuar aprendendo, mas conseguir aceitar que nem tudo vai ser perfeito e que é péssimo forçar comportamentos fora do estilo de vida da minha família e fora da minha capacidade.

Talvez seja aí que eu vou passar a ouvir meu instinto adormecido: na aplicação do que eu aprendo. Já que eu não me sinto segura como mulher sábia e selvagem, preciso me sentir segura como mulher capaz de assimilar informações e agir da melhor forma, sabendo que 'melhor' não quer dizer 'mais correto', e sim 'o que mais se encaixa na nossa vida'.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

A ignorância é uma benção.

As vezes acho que antes de termos tido a Ju, eu e o Fabio devíamos ter feito graduação, pós, doutorado e até pós doutorado em criação de filhos. Porque na tentativa de fazer o melhor a gente acaba descobrindo TANTA coisa que dá até um sufoco.

Essa é a primeira vez que nós somos responsáveis por uma outra pessoa. E ao invés de sair fazendo tudo o que a senso comum manda sem nem pensar se faz mesmo sentido, ao invés de dar todos os remédios e vacinas sem nem tentar saber se realmente farão bem para a Ju, ao invés de socar farinha pra ela ficar gorda como o povo quer ver, ao invés de deixar ela comer um pouquinho de porcaria só para não passar vontade, ao invés de fazer um mundaréu de coisas, antes a gente dá uma pesquisada na internet, fala com amigos, troca experiências e opiniões.

Teorias sobre a criação com apego, sobre desfralde, sobre respeitar a criança muito além da gestação e do nascimento. Sobre como ensinar sobre consumo, sobre o que pode e o que não pode, sobre respeito, sobre religião, sobre sexualidade, sobre trocentos assuntos e realidades do dia a dia. Sobre como cuidar da alimentação, da saúde, da socialização da criança.

E é aí que a coisa fode toda. Eu sou um ser metido a certinho. Preciso de regras, de manuais, de estruturas, senão surto. Já custei a entrar no esquema 'nenê não tem hora pra mamar'. Na verdade, nem entrei direito. E aí vem esse mooooooonte de coisas fuder com a minha cabeça e minha capacidade de decidir as coisas.

Porque vacinas podem ser mais prejudiciais para seu filho do que a doença que ela evita. Na verdade, pode ser que ela nem evite e que ele fique mais propenso a pegar a tal doença. E ainda pode ser que ele tenha autismo. Isso sem mencionar que elas tem mercúrio e alumínio nas suas fórmulas, altamente tóxicos. Claro que, se a vacina não for dada e a criança acabar adoecendo, a culpa vai ser dos pais. O conselho tutelar pode inclusive obrigar vocês a vacinarem. Afinal, é política de saúde pública e as doenças só foram erradicadas por causa da vacinação em massa.

E também é preciso cozinhar em panela de ferro, para enriquecer o alimento. Além do mais, panela de inox dá Alzheimer. E não pode misturar alimento que prende o intestino com alimento que solta. Nem colocar mais de uma proteína no mesmo prato. Nem misturar melancia ou melão com outro alimento, pois são frutas monofásicas. Tem que ter alimento energético, proteína, vitaminas e principalmente ferro. O bebê tem falta de ferro depois dos 6 meses de idade (se o cortão foi cortado antes da hora, até mesmo antes disso), então a alimentação tem que suprir essa deficiência. Mas não adianta só colocar o ferro na alimentação. Tem que ter a vitamina C, para garantir que ele vai ser absorvido. Mas não pode dar suco junto com a comida porque estufa, nem cozinhar as verduras porque perde o nutriente. Ahn, e não esquenta o azeite porque o efeito é o contrário.

E ainda tem o fato de que a criança não é um ser social até os 2 anos de idade. Que a escolinha não faz assim tão bem. Que a mãe deve ficar em casa com os filhos. Mas também pode trabalhar para se realizar em outros âmbitos da vida. Sem culpa.

O grande problema não é conhecer vários lados da mesma moeda. É o fato de que qualquer decisão que a gente tome tem consequências na vidinha dela. E eu acabo botando na cabeça que temos a obrigação de acertar 100% das vezes. Sei racionalmente que isso é impossível, mas na prática me pego descabelada, com uma lista gigantesca de coisas pra fazer, tensa e estressada. E isso ao invés de ajudar, só piora.

E acabo precisando de puxões de orelha das amigas e do marido. E acabo percebendo que ficar assim também tem consequências na vidinha da Ju.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Eu entendo as menas.

Juro que entendo. Porque como faz pra fazer tudo nessa vida, minha gente?

Hoje eu acordei 6h30 da manhã com a Ju. Estava acabada! Super cansada e com cólicas. Ficamos brincando um pouco até o Fabio acordar, lá prumas 8h00. Aí eles foram passear e eu decidi deitar um pouco para melhorar a dor e dormir um tiquinho.

Pra quê, né? Acordei 10h00 da manhã e FERREI com meu dia. Acordei no susto, dei teta e fiz a Ju dormir, sentei pra trabalhar e tinha um mooooonte de coisa acumulada. Trabalhei, fiz o almoço esbaforida, queimei o arroz. Tomei banho com comida cozinhando (perigo!), me arrumei, ofereci teta, almocei, ofereci de novo, guardei o computador, saímos correndo. Ju chegou na escola atrasada, eu cheguei no trabalho mais atrasada ainda.


As meninas falam que eu preciso parar de querer ter tudo perfeito. Que tenho que largar a casa bagunçada e dane-se. Mas eu largo! Bagunça é diferente de sujeira. A Julia agora engatinha, não dá pra deixar a menina no chão muito sujo. Tenho gato, que solta pelos, que espalha areia da caixinha pela casa. Não dá. E, mesmo assim, não dá pra cozinhar se não lavar a louça. Não dá pra se vestir se não tiver roupa lavada e passada. Não tem como. Um pouco de zona a gente larga, mas ainda assim tem muita coisa pra fazer.

Ok, então concordamos que a casa, querendo ou não, precisa de um mínimo de manutenção. E o trabalho? No meu caso ainda tenho sorte porque é super flexível. Mas ele existe e tem que ser feito.

E aí tem a Ju. Eu querendo fazer o melhor acabo me enchendo de coisas pra fazer. Compras, pesquisas, cardápios, papinhas, mala da escolinha, bilhetes pras tias, lista do que tem que comprar, proteger a casa, cuidar da rotina, pensar nas consultas com pediatra, nas consultas com dentista, escovar os dentes, levar pra passear, brincar, dar teta, ficar junto.

E eu ainda me iludindo e querendo voltar a fazer ginástica.

Preciso me organizar melhor, dar um outro jeito. Focar melhor. Na verdade, precisava era sair um pouco dessa internet. Mas puta que pariu, né? Eu já parei de beber, parei de fumar, não saio mais de noite. Ainda vou ter que parar com meu único vício? Uma coisa que eu adoro fazer?


Como que as mulheres dão conta? Filho, casa, trabalho, marido. NÃO TEM COMO! Não é bem mais fácil terceirizar a educação? Dar alimento pronto industrializado? Simplesmente dar as vacinas, os remédios, os produtos que todo mundo usa e pronto? Menos desgastante e menos frustrante. Porque eu não consigo fazer tudo. E não tenho aceitado isso muito bem. Cansadíssima, fisica e mentalmente.

domingo, 15 de janeiro de 2012

Se opinião fosse bom, ninguém botava em blog. Vendia no Mercado Livre.

Primeiramente quero dizer que esse post é a expressão de uma opinião. A minha, no caso. Apesar de estar na internet, que é de acesso público, esse blog é pessoal e reflete opiniões pessoais.
Não é um ataque específico a alguém. Não é um ataque específico a algum caso ou acontecimento.
Se você não concorda com minha opinião ou viu que eu não concordo com a sua, isso não quer dizer que eu estou brigando com você ou te atacando diretamente. Só quer dizer que nós pensamos de forma diferente.
Eu até gostaria de ter um debate aqui nos comentários. Mas debate entendido como 'troca de opiniões e experiências' e não briguinha. Porque essas briguinhas do 'mundo humanizado' já deram no saco...


Hoje li um texto sobre a questão da mulher ter ou não o direito de de escolher entre parto normal ou cesárea. Já li trocentos mil textos sobre isso, essa discussão nunca vai chegar em um acordo e minha opinião não vai mudar merda nenhuma. Mas resolvi pensar um pouco sobre o que eu penso. Afinal, eu sempre vi opiniões de tudo quanto é lado, mas nunca tinha fechado na minha cabeça o que eu penso de tudo isso.

E a resposta, para mim, é SIM. E NÃO.

SIM
A gente sabe que a cesárea é uma cirurgia que existe para casos de necessidade. Existem situações que, após ponderar os prós e os contras, a escolha pela cesárea não deveria ser condenável. Um problema de coração que pode ser um complicador no parto normal (caso da autora do texto que eu li), placenta prévia, bebê pélvico, violência sexual... Em todos esses casos a mulher deve pensar em quais riscos prefere correr e quais prefere evitar e a cesárea é uma alternativa totalmente válida.
Mas, mesmo não sendo mais a protagonista efetiva do nascimento do seu filho, essa mulher tem como obrigação fazer com que esse nascimento seja o menos agressivo possível. Ela tem obrigação de esperar o trabalho de parto, que sinaliza que a hora de nascer é aquela (salvo as ocorrências médicas em que o próprio início do trabalho de parto não é indicado - existe isso?). Tem obrigação de escolher uma equipe que vai tornar aquele ato médico o mais familiar possível: que vai receber o bebê com delicadeza, que vai permitir que ele vá imediatamente para o colo da mãe, que estimule a amamentação, que respeite coisas simples como uma luz baixa, pouco barulho, procedimentos médicos feitos com calma e junto à mãe. Tem obrigação de conhecer quais são esses procedimentos e garantir que intervenções desnecessárias não sejam feitas com seu bebê.
Ou seja, até aceito a cesárea por escolha, mas não aceito a cesárea marcada com antecedência e a falta de interesse da mãe em tentar melhorar a experiência para o filho.

NÃO
Fora daquelas situações onde a cirurgia é uma indicação real, eu ainda não consegui ser convencida de que é direito da mulher optar por uma cesárea. Isso pode soar falta de compaixão com a causa feminina. Mas juro, não consigo.
Se fosse um caso de, por exemplo, problema de vesícula, a mulher, dona do corpo, teria total e absoluto direito de decidir se iria operar ou optar por outros tratamentos. Afinal, o corpo é dela, o risco de saúde é dela. Mas, no caso da cesárea, só se fala no direito da mulher e no corpo da mulher, mas se esquece que existe uma outra pessoa envolvida. Uma pessoa que ainda não nasceu, que não expressa suas opiniões e que depende totalmente de quem vai tomar a tal decisão. Mas ainda é uma pessoa. E é aí que eu acho que o direito da mulher acaba. Seu direito acaba onde começa o do outro, lembram?
Muito se diz sobre a violência contra crianças. A palmada é condenada, busca-se cada vez mais punir aqueles que agridem menores, a opinião pública cai matando contra pedófilos. Mas por que só se pensa na violência contra a criança depois que ela já nasceu? A cirurgia que é marcada por capricho - uma data bonita na certidão de nascimento, nascer no período que os avós estão na cidade, gostar do signo X e não do Y - é uma violência sim. É uma agressão. A criança é retirada à força, sem dar sinais de que está pronta, e acaba muitas vezes indo parar em UTIs neonatal. Os médicos manipulam o bebê como se fosse um pedaço de bife. Procedimentos totalmente desnecessários são feitos em um ser que acabou de vir ao mundo. Ele sente medo, dor, sofre. Por que não seria violência?
Muitas vezes ouvi que o parto normal não é para qualquer uma, que tem mulher que não aguenta a intensidade do parto. Depois que tive a Ju concordo que o parto é absolutamente intenso, que é uma experiência que mexe muito com nossa cabeça, que nos faz vivenciar nossas emoções mais profundas. E não tem como se preparar para isso. E isso assusta. Mas também não nos dá o direito de fugir da experiência. Perder um ente querido, descobrir uma doença grave, ganhar na loteria, se apaixonar também são experiências que fazem a gente conhecer outras faces de nós mesmos, amadurecer rapidamente, enfrentar um monte de coisa. E muitas vezes não tem como escolher, simplesmente acontece. Na minha cabeça, a partir do momento que a mulher engravidou, ela meio que já tem que saber (e aceitar) que vai passar pela experiência do parto. E aproveitar para crescer com isso.
E nem vem me falar de medo de dor. Porque não aguento ouvir mulher falando que morre pelo filho mas que não topa sentir a dor do parto. Se ficar insuportável (o que pode ser que nem aconteça se a mulher tiver apoio de outras pessoas e, principalmente, dela mesma), existe anestesia. Não precisa ir pra faca antes do parto começar só pra garantir.


Sei que cada caso é um caso, que cada um tem sua história, que não tem como saber da vida de todo mundo. Sei que cada um enfrenta e encara a dor de uma forma diferente. Sei que nem toda experiência de parto é boa, que os partos frank normalmente deixam mais traumas e dores do que a cesárea. E que é importante a mulher estar bem para cuidar do filho, pois o pós parto já é complicado demais sem traumas, com traumas pode ser desastroso.
Sei também que para a população mais carente o parto frank é uma realidade e que é um desejo genuíno conseguir pagar o plano de saúde direitinho para garantir uma cirurgia que, por mais incrível que pareça, vai ser mais respeitosa do que a fila da maternidade do SUS.
Concordo com tudo isso. Mas não consigo ainda me convencer de que a melhor saída é a cesárea.
Eu era uma daquelas gestantes que sempre quis parto normal, mas não sabia como a coisa funcionava, e que estava não mão daquele médico-legal-que-vai-tentar-o-parto-normal-mas-não-garante. E, no fim, mudei meu desejo (de parto normal eu passei a querer parto respeitoso para mim e para a Ju), mudei de médico, mudei o local do nascimento (sem planos, mas mudei).
A melhor saída, pra mim, é a mulherada ir atrás do que é seu. Difundir a informação de qualidade para todas, exigir mudanças na classe médica, exigir acesso ao atendimento de qualidade. Mas não é a cesárea marcadinha na agenda.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

É isso aí, paizão!

A mãe acorda. Na verdade, é acordada pela bebê. Dá teta, como todos os dias, depois de já ter amamentado algumas vezes durante a madrugada. Aí sai da cama com a filha, sem muito tempo para brincar, pois hoje é dia de consulta no pediatra e almoço com o avô. Troca a bebê, arruma a bolsa dela, com tudo que vai precisar porque hoje a pequena sairá de casa pela manhã e voltará só no fim do dia. Vai para a cozinha, pica as frutas para o lanche da manhã (que será no consultório mesmo), põe na panela para cozinhar um pouco e fazer um purezinho gostoso. Tira a papinha do congelador. Precisa ficar com um olho no peixe e outro no gato o tempo todo: avisa que não pode mexer na tomada, pega o fio da torradeira que foi puxado, segura o banquinho enquanto a mocinha tenta ficar em pé, tira a mão da bebê de dentro do pote de ração. Tenta se arrumar e brincar ao mesmo tempo.

O pai acorda. Vai para o banheiro se arrumar. Brinca um pouco com a filha que engatinhava pelo caminho.

A mãe vai fazendo os últimos ajustes. Coloca o que falta na bolsa da nenê. Aproveita que o pai está se arrumando e limpa o nariz dela com soro fisiológico. Pega o purê de frutas, a papinha, as colheres. E então tira das mãos da bebê algo que precisa ser guardado. Assim, meio na pressa. Por ter sido contrariada, a pequena abre o berreiro.

E aí vem o pai, pega no colo, tira de perto da mãe tirana e canta para a filha que, obviamente, para de chorar. Aí ele estufa o peito e olha para a mãe com cara de 'eu cuido da menina melhor que você'.

Só não tinha se ligado que já estavam todos atrasados, fica passeando pela casa e cantando enquanto a mãe só espera. Quando percebe, coloca a filha no bebê conforto. Veste uma blusa, porque está frio, mas nem lembra de vestir a blusa dela.

E todos saem de casa, atrasados, estressados.

Acorda mais tarde sem pensar que a bebê e toda a sua parafernalha precisam ser arrumados para sair. Não saberia o horário correto da consulta se não fosse avisado pela mãe, quem fez o agendamento. Não sabe nem que horas são e que estão todos atrasados demais para uma sessão-cantoria. Põe sua própria blusa por estar sentindo frio mas nem checa se a bebê está bem agasalhada. E vem me olhar com cara de 'sou paizão'. Mereço, né?

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Freud estava certo - a culpa é da mãe!

Eu tento de verdade fazer o melhor possível. Tento não fazer as coisas só porque 'sempre foram assim' e procuro saber se essas convenções são mesmo a melhor opção ou se existem alternativas melhores. Mas estou penando TANTO! Absolutamente TUDO tem que ser pensado, analisado, decidido. E isso cansa demais...

Vacinas, alimentação, remédios, disciplina, escola, lazer, família, blablabla, bliblibli, nhenhenhe, mimimi.

Fico alucinada com tantas decisões e tanta responsabilidade. Qualquer uma delas afeta a Ju diretamente. E a culpa é 100% minha.
Porque quem vai atrás de tudo sou eu. Quem pesquisa tudo sou eu. Quem conversa com os outros e troca opiniões e experiências sou eu. Neguinho que devia me ajudar com as decisões só espera eu ter todo esse trabalho e, depois, só faz do jeito que eu pedi e pronto. E ainda fica ofendidinho porque eu chamo de moleque...

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Comer com as mãos

Desde a introdução de alimentos na dieta da Ju que muita gente vem falando e eu venho lendo sobre a importância de deixar ela comer com as mãos, de fazer sujeira, que a relação com a comida não é só nutricional. A pediatra até deu a ideia de pegar um plástico grande, forrar tudo e deixar ela se divertir.
Mas como aqui não temos o cadeirão, usamos o carrinho que tem forro de pano, e até mesmo por ser uma casa pequena, sem quintal pra fazer sujeira e lavar com mangueira ou cozinha grande pra colocar no chão e depois passar um super pano, eu venho enrolando, enrolando e enrolando. Ainda não atingi elevação espiritual suficiente pra deixar a menina pegar na comida.
Aí ontem fomos comprar um cadeirão (já que pedi um de natal mas não ganhei). E essas porras são carésimas. Uma pessoa sem salário não pode comprar e pronto. Saí de lá sem o cadeirão e frustradíssima.
Com raiva, na hora da janta pensei um 'Quer saber? Foda-se a sujeira.' Botei o carrinho na cozinha apertadíssima, peguei um pote com um bocadinho de comida para ela e coloquei o resto no prato. Dei uma colher na mão dela e fiquei com uma pra mim.
A menina ficou DOIDA. Adorou a experiência. Comeu tudo que eu dei sem nem perceber, de tão vidrada no tal pote de comida. E foi absolutamente LINDO ver ela pegar os grãozinhos com os dedinhos, olhar, mexer, fuçar e aí colocar na boca.
Me doeu a consciência pensar que demorei tanto. Tem alguém aí a fim de me dar um cadeirão de presente de natal atrasado?

domingo, 1 de janeiro de 2012

Tudo junto e misturado

Acho que uma boa definição do que é ser mãe é "sentir tudo ao mesmo tempo".
Hoje pela manhã eu resolvi lavar louça e deixar a Ju no chão da cozinha. Afinal, faz alguns dias que ela aprendeu oficialmente a engatinhar e eu preciso começar a soltá-la pela casa. Fiquei lá, de olho, lavando a louça e conversando com ela. Dei um pote e uma tampa de plástico, alguns prendedores de roupa e ela ficou ali, entretida, brincando e engatinhando um pouco.
E minha cabeça começou a ser invadida por milhões de pensamentos contrastantes, todos ao mesmo tempo, brigando loucamente um contra o outro:

'Preciso deixar a casa segura, tem tantos perigos, ela pode se machucar' X 'Ela precisa ficar livre e adquirir sua autonomia, se machucar faz parte do crescimento'
'Ela está ficando cada vez mais independente' X 'Como assim não precisa mais de mim para ir de um lugar para o outro?'
'Que lindo ela já engatinhando' X 'Cadê minha bebezinha que nasceu ontem?'

O mais engraçado é que me parece que, para ela, os sentimentos também são conflitantes. Ela explora o mundo, mas procura o olhar de alguém conhecido. Vai um pouco mais longe, mas logo pede colo e teta. Parece que o que rola na cabeça dela é 'Isso tudo é muito legal e interessante, mas eu às vezes tenho medo e ainda preciso de vocês'.