quarta-feira, 15 de junho de 2011

Os absurdos da busca por berçário

Acho que definimos qual o berçário que vamos deixar a Ju quando eu voltar a trabalhar. Foi a primeira escolinha que visitamos e a única que nos sentimos seguros. É bem limpinha, a comida é fresquinha, as tias são bastante carinhosas, berçaristas formadas e com vários cursos, o número de crianças por cuidadora é baixo, as instalações são seguras. Além disso eles pareceram apoiar o aleitamento materno, se mostraram dispostos a tentar dar o leite no copinho e as visitas dos pais são livres.
Escolhemos a primeira escola que visitamos, mas não deixamos de ir em algumas outras. Acho que você só tem certeza de uma escolha certa quando conhece as erradas. E como eram erradas, meu deus. Vi tudo quanto é absurdo nas outras escolinhas: sujeira, tias inexperientes, falta de segurança, falta de apoio às decisões dos pais. Algumas 'pérolas' ficaram marcadas:
- Perguntamos 'Qual a formação das tias?' e ouvimos 'Elas não são formadas em nada, mas tem uma boa noção, viu'.
- Perguntamos 'Posso vir amamentar a Ju durante o dia, caso consiga uma brecha?' e ouvimos 'Ahn, mas ela vai pegar tão bem a mamadeira que nem vai precisar, você vai ver'.
- Vimos o berçário da escola terminar em uma enorme sacada, que dá para a piscina olímpica da escola. Detalhe: sem nenhuma tela de proteção.
Fora de cogitação deixar a Ju nesses lugares. Sim, são mais baratos, mas eu e o Fabio preferimos dobrar o esforço no trabalho para garantir um lugar tranquilo para ela. Tudo bem, não é 100% como eu queria. Eu acho que ela não vai ter a quantidade de colo que eu gostaria. Essa não é uma escola voltada ao estilo de maternagem que está me atraindo cada vez mais. Acontece que essas escolas são para hippies ricos (ahahah). Infelizmente não tenho condições financeiras para elas. A gente vai ficar com o melhor que podemos dar para a Ju. E estamos bem tranquilos com essa decisão.
Mas não posso deixar de comentar sobre algo que me chamou muito a atenção em todas as escolinhas. Na hora de mostrar as cozinhas, todas fazem questão de deixar claro que cada aluno tem as suas coisinhas, separadas e garantidas. Por isso, abrem a porta do armário e mostram um mundo de latas de leite artificial de todos os tipos. A grande vantagem, ali, é mostrar que são todas etiquetadas, para ninguém achar que seu filho não toma o leite correto, recomendado pelo pediatra. E toda vez que eu falo do leite materno, a reação é parecida com 'ahn, teve uma vez que uma mãe mandou, mas acho que ela desistiu porque dá muito trabalho'.
Isso é triste. Não posso condenar a mãe que tentou e desistiu. Eu mesma não sei como vai ser. Pode ser que eu não consiga manter o aleitamento por muito tempo. Pelo menos essa mãe foi até o limite dela (ou que ela mesma estabeleceu para si). Mas ver aquele monte de latinha de leite me deixou um pouco abalada.
Tomara que isso me dê ainda mais força para lutar pelo aleitamento materno da Ju. Sei o quanto vou ficar cansada, vou pensar em o quanto a mamadeira com pó é mais prática e querer desistir. Por isso quero sempre estar com esse sentimento na memória, para me lembrar o quanto eu realmente acho importante a Ju mamar até quando ela e eu quisermos e pudermos.

Um comentário:

  1. Olá! Adorei o seu relato! Estamos em 2014 e você não imagina como as suas percepções sobre berçários continuam atuais. Comecei a visitar berçários nesta semana e também tenho enfrentado certo "preconceito" pela nossa opção de estender o aleitamento materno e usar o copinho. Abraço e parabéns pelo blog!

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