quarta-feira, 13 de junho de 2012

Eu pari em casa.




Falando sobre os preparativos para a Marcha do Parto em Casa fui pega por um questionamento: apesar de ter tido um parto domiciliar, nossos planos originais eram de um parto hospitalar. Será que eu tenho o direito, assim como as mulheres que planejaram os seus PDs, de bradar com orgulho "Eu pari em casa"?
Fico com essa dúvida também porque, toda vez que alguém fica muito chocado ao saber que a Ju nasceu no meu banheiro, eu logo completo com uma explicação. "Foi sem querer", "Não deu tempo de ir para o hospital" ou "Foi tudo muito rápido" saem constantemente da minha boca. Será que eu me sinto digna de dizer que eu tive um PD?
Vamos analisar. O parto da Ju foi mesmo "sem querer"? Porque querer eu sempre quis. E não era aquele "Ahn, eu quero normal, mas não vou trocar de médico nem arriscar a vida do meu bebê com uma circular de cordão". Eu queria mesmo. Pesquisei sobre PD, conversei com gente que teve um, pensei nas possibilidades, cogitei seriamente ter um. E por que não optei por ele? Porque parto domiciliar não é para qualquer uma? Porque eu ainda tinha alguns medos e preconceitos?
Mas o parto da Ju foi mesmo acidental? Eu acredito que não. Se eu não tivesse me informado, tomado minhas decisões e escolhido a equipe que escolhi, eu muito provavelmente teria caído num conto do vigário qualquer e tido a Ju por via cirúrgica 2 semanas antes. E, mesmo se eu acabasse entrando em trabalho de parto para ter um parto normal, com certeza eu correria para o hospital ao menor sinal de TP e, nesse caso, não dá para saber qual o destino que eu teria.
Somente a escolha pelo parto humanizado e pela equipe humanizada para nos acompanhar que nos levou a esse parto domiciliar não planejado. Nós só não sabíamos que ele seria tão rápido e que nos levaria a um nascimento no banheiro.
Foi a presença da nossa doula e as instruções da nossa médica que nos fizeram ter tranquilidade para passar boa parte do TP em casa. Só a presença de uma GO e uma neonatologista humanizadas fez com que continuássemos tranquilos após o nascimento da Ju, ao invés de chamar o SAMU, desesperados.
O meu parto domiciliar não foi planejado, mas foi consequência de todas as nossas decisões. E serviu para acabar com os últimos pequenos medos: ter um apartamento muito pequeno para parir e acabar incomodando os vizinhos. Agora, na nossa família, não existe outra possibilidade para um parto em caso de outra gestação de baixo risco. É em casa e pronto.
Então: SIM, EU PARI EM CASA. E que venham os próximos.