segunda-feira, 27 de junho de 2011

Meu reino por um emprego meio período

Hoje é um daqueles dias em que estou inconformada com voltar a trabalhar. Meus dias variam entre aquela força interior que passa por cima da tristeza e pensa 'vamos lá, vai dar tudo certo e você vai fazer o melhor possível para ela' e dias que nem hoje, que o pessimismo me consome.
Começo a pensar no meu dia a dia depois da volta ao trabalho e quase surto. Eu vou acordar cedo, me arrumar e arrumar a Ju, deixá-la no berçário. Depois o Fabio vai buscá-la e ficar com ela em casa à tarde. Aí eu chego em casa, no começo da noite, para ficar com ela e cuidar de todo o resto.
Ou seja, ela vai receber estímulos de outras pessoas, ser alimentada por outras pessoas, chorar e não ser atendida com rapidez (no caso do período que ela passará no berçário), ficar longe do colo e do peito da mãe. Eu vou chegar em casa quando ela já estará praticamente dormindo e vou ficar pouquíssimo tempo com ela acordada. Todas as noites ainda vou ter que dar conta de potes a serem esterelizados, papinhas para o dia seguinte, serviços da casa. E os fins de semana vão ser recheados de tarefas como ir no mercado, visitar os avós e cuidar da casa. Vou ter vários momentos de cansaço e falta de paciência e vou acabar descontando nela e atrapalhando o nosso tempo juntas. Além de perder vários momentos importantes e correr o risco de ela ter uma ligação mais forte com outras pessoas (sim, estou morta de ciúmes).
Aí eu leio textos do Blog Mamíferas, do MamaÉ, do FisioDoula e tantos outros, falando sobre esse modelo de maternagem que eu quero tanto praticar e todos eles me mostram que criança precisa da mãe, de colo, de peito. Que não atender ao choro imediatamente é um problema. E que a mulher tem o direito de escolher ficar em casa para cuidar dos filhos e da família.
Sim, eu sei que isso acontece com milhões de mulheres, inclusive daquelas que praticam a maternidade consciente, que a Ju vai passar só meio período no berçário, ficando o resto do dia no ambiente dela com o pai e depois com a mãe, que existem problemas muito maiores que esse e que nada disso vai matar a gente, blábláblá. Mas hoje eu tô de bode mesmo, então cala a boca e me deixa aqui com o meu egoísmo.
O ideal seria um emprego de meio período. A Ju ficaria de manhã comigo e de tarde com o Fabio, eu não ficaria me sentindo uma inútil em casa (um sentimento que hora ou outra certamente aparece), ganharia menos mas também não gastaria com o berçário. Além do que sairia da loucura que é ser um publicitário de baixo escalão hoje em dia. Quem me viu grávida sabe o quanto eu abusei (ou pior, deixei ser abusada) durante os 9 meses.
Então continuo oferecendo meu reino, meio dente da frente, meu dedo mindinho por um emprego meio período.

5 comentários:

  1. Èricka, gostaria de saber se voc~e conseguiu um emprego meio período e como você passou por esta situação.
    Obrigada
    Cibele

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    1. Oi, Cibele!
      Foi um processo, na verdade. Eu voltei da licença normalmente, para o meu emprego daquela época. Juju continuo mamando exclusivamente leite materno - eu aluguei uma bomba e tirava leite 3 vezes por dia na empresa.
      Depois de mais ou menos 1 mês eu saí dessa empresa para trabalhar em uma outra, que me dava mais flexibilidade de horário e me permitia trabalhar em home office algumas vezes na semana. Ficou bem mais tranquilo, a Ju continuava indo para a escola e eu continuava trabalhando, mas tínhamos mais tempo juntas. Continuei tirando leite até quando foi necessário, e ela foi iniciando nos outros alimentos e substituindo algumas refeições aos poucos.
      Quando ela tinha 1 ano e 3 meses eu voltei para a minha área, para o emprego que estou atualmente. Novamente trabalhando o dia todo, mas dessa vez já não precisava mais tirar leite. A Ju come durante o dia, quando fica na escola e com o pai, e mama de manhã antes de sairmos de casa, no fim do dia quando nos encontramos e durante a noite (sim, ela ainda acorda a noite... eheheh).
      Ainda acho que o ideal é um emprego meio período. Apesar de a Ju já estar maior, eu sinto muita falta dela e acho que estou perdendo uma coisa que não volta mais, que é uma boa proximidade na primeira infância. Mas TUDO nessa vida é uma questão de escolha, a gente sempre ganha umas coisas e perde outras. Eu tomei as decisões que achei serem mais corretas em cada um desses momentos e até hoje procuro fazer isso. Independente de qual seja o caminho que a gente tome, tem que ser com a consciência de que damos o nosso melhor.
      E que nada nessa vida é eterno. Se precisar mudar de rumo, mude! :)

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Éricka, este comentário aí de cima me ajudou bastante a ter mais elementos para minhas reflexões. Na minha área (sou economista) oportunidades profissionais de meio período são mais raras, mas vou considerar com carinho.

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