sexta-feira, 29 de julho de 2011

Valendoooooo...

Voltei ao trabalho ontem. E, supreendentemente, foi muito tranquilo. A Ju ficou super bem na escolinha de manhã, passou uma ótima tarde com o pai em casa. Comeu, dormiu, fez cocô, brincou. Teve um dia normal. E ficou super feliz de me ver a noite, me mostrando que, mesmo tendo um bom dia, ela estava com saudades de mim.
Acho que provavelmente isso aconteceu porque eu e o Fabio estávamos tranquilos. Eu não fiquei sofrendo por deixá-la e ele estava confiante em sua capacidade de cuidar dela. Isso provavelmente foi percebido imediatamente pela pequena.
O mais engraçado é que, na noite anterior, eu estava muito ansiosa, tentando preparar as coisas, super organizando tudo, ou seja, tendo um ataque de erickisse. Impressionante como essa é a minha forma de fugir das coisas. Eu evitava encarar que era 'o último dia' exatamente preparando tudo para o dia seguinte. Ao invés de passar o dia curtindo a Ju, conversando com ela e realmente encarando o fato de que não estaríamos mais juntas o dia todo durante a semana.
Aí, é claro que a Ju teve uma das piores crises dos últimos tempos. Ok, pode ser que ela estava com uma mega dor de barriga, afinal eu andei abusando da lactose e ela estava soltando uns puns espetaculares. Mas ela estava se recusando a dormir, se recusando a sair do meu colo, se recusando a largar meu peito. Prefiro encarar como uma recusa à chegada do dia seguinte e da nossa 'separação'.
Como eu também estava nervosa, novamente reagi mal e não compreendi a angústia dela. Fiquei brava por ela não estar dormindo, brava por não conseguir terminar de organizar tudo, brava por não conseguir ir para a cama cedo. E novamente me peguei no pulo, tratando ela de forma injusta e me achando um monstro.
Provavelmente por isso tentei acordar encarando tudo de forma diferente, me desculpei (de novo) com ela e encarei o fato de frente. E olha só o resultado.
Definitivamente preciso ler o livro da Laura Gutman...

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Minha tentativa de amamentar em LD

Minha experiência com LD foi um tanto estranha. Minha intenção sempre foi amamentar assim, mas até hoje não tenho certeza se, no comecinho da vida da Ju, eu realmente consegui. Me explico: eu e meu marido somos pais de primeira viagem daqueles clássicos - não sabemos quase nada sobre bebês. Então, no começo, tínhamos muita dificuldade em saber o que a Ju queria quando chorava. A fome sempre era a primeira opção mas, caso ela chorasse pouco tempo depois de mamar, a gente olhava no relógio e pensava 'acho que não é fome, vamos tentar outra coisa'. Aí a gente embalava, tentava ajudar com cólica, cantava, dava banho...
Pode ser que ela estivesse pedindo peito, não por ter fome, mas pelas outras necessidades que o peito supre. Claro que, caso ela continuasse chorando, a gente colocava no peito de novo, independente do tempo que havia passado. NUNCA forçamos a Ju a comer com um intervalo determinado. Era mesmo falta de experiência, a gente tentando descobrir o que a Ju estava pedindo e eliminando as alternativas. Mas por causa disso nunca fui daquelas mães que o filho fica o tempo todo agarrado na teta e talvez por isso que a Ju acabe tendo agora um intervalo meio que regular de mamadas e não costume chorar muito para pedir teta nem a dormir no peito.
Agora acho mais fácil perceber o poder da teta: de acalmar, de ajudar na dor de barriga, de passar carinho. Não hesito em colocá-la no peito a hora que for. Bem no momento que volto a trabalhar e ela vai mamar na mamadeira durante o dia... Infelizmente, ela vai receber a parte 'física' do meu leite, que vai ser ordenhado e enviado para a escolinha, e parte de carinho vai ficar por conta das tias e do pai durante o dia. Mas vai ser toda minha durante a noite e finais de semana.

sábado, 23 de julho de 2011

Ai, que burra, dá zero pra ela!

Essa dificuldade que a Ju está tendo de se alimentar na escolinha foi motivo de várias conversas com outras amigas mães, para ver se eu consigo chegar em uma alternativa e não ficar muito preocupada. E é claro que, como sempre, todas elas ajudam muito. Sou muito grata por ter o apoio de todas essas mamíferas.
Durante uma dessas conversas, mencionei que minha única preocupação na verdade era com alguma implicância da pediatra, que poderia sugerir um leite complementar (que está fora de cogitação) ou o adiantamento da introdução de outros alimentos (o que eu consideraria, se fosse o caso). E o conselho da amiga foi um 'e por que cargas d'água você precisa contar tudo para a pediatra?'.
Eu sei que isso é verdade, mas ainda não consigo deixar de falar as coisas para ela. Ainda enxergo a figura da pediatra como alguém que sabe muito mais do que eu e que, caso eu esconda alguma coisa dela e essa coisa possa gerar um problema, a culpa vai ser toda minha. A doutora, apesar de ser super humanizada e tranquila, ainda me intimida MUITO. Parece que ela é a pessoa que, oficialmente, vai julgar minha performance como mãe.
Claro que, no fim, falei para ela querendo ter certeza de uma coisa que eu já tinha: não tem nenhum problema se a Ju não quiser mamar na escolinha. Eu já sabia disso, mas precisava do aval dela. Acho que ainda falta um longo caminho até eu ter total confiança no meu instinto de mãe e me empoderar como mulher.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tá na hora da escolinha

A Ju começou no berçário segunda-feira. Estamos na fase de adaptação, que vai durar 2 semanas. Nesse período o tempo que ela fica lá aumenta de pouco em pouco, teoricamente para ela e nós nos acostumarmos.
O primeiro dia, o mais assustador de todos, foi super tranquilo. Eu fiquei o tempo todo na recepção, pois não estava preparada pra me separar totalmente. Ela entrou no berçário super bem, no colo da tia. Depois de um tempo, ouvi ela chorando e fiquei meio mal, mas a tia logo me chamou para ir espiar e eu vi que ela estava no colo, brigando com o sono do mesmo jeito que faz em casa. Tentaram dar mamadeira, ela não aceitou, dormiu e fomos embora quando ela acordou. Saiu de lá super bem, sorrindo e brincando.
Fiquei MEGA tranquila. No dia seguinte ela de novo chegou bem, deu uma resmungada na hora de ficar no colo da tia, mas antes de entrar na escola já tinha parado. Fomos no mercado para pensar em outra coisa. Cheguei lá para buscá-la, descobri que ela deu um pouco mais de trabalho. Não mamou de novo e não aceitou o berço. Só dormiu 20 minutos no colo e estava morta de sono quando a gente chegou. Fomos pra casa e ela mamou um montão e dormiu quase 2 horas seguidas!
Hoje, terceiro dia, foi estranho. Novamente ela não estranhou a tia, mas chorou um pouco mais para entrar. Conclusão: saí de lá destruída. Cheguei em casa e chorei por meia hora... Nossa, é tão injusto. Fiquei revoltada! Isso porque sei que a escola é boa e as tias são carinhosas. Mas acho muito violento forçar um bebê de 4 meses a se acostumar a ficar longe da mãe e a não mamar no peito durante esse período. Isso me arrebenta por dentro... Quando tinha passado 1 hora que ela estava lá, a tia me ligou para avisar que ela não tinha mamado de novo e que estava no berço dormindo. Mesmo assim eu tirei leite em casa. Afinal, quanto mais tira, mais produz. Fui buscá-la e fiquei sabendo que ela ainda estava no berço. Dormiu 1h40min! Eu fui espiar e ela acabou acordando com a minha presença. Fomos embora com ela super feliz e contente. O mais engraçado é que ela não pediu teta assim que chegamos, nem chorou, ficou super alegrinha. Eu que fiquei preocupada e ofereci. Ela pegou, claro, mas nada absurdo. Depois de 1 hora pegou de novo, mamou um monte e continuou mamando bem o dia todo.
Como um todo, a experiência não está sendo ruim. Eu estou tentando passar tranquilidade pra ela e as tias estão sendo compreensivas e respeitando a personalidade e o ritmo dela. Mas dói, mesmo assim. Não sou daquelas mães que fica no carro chorando e acabam passando essa angústia pro filho, acho que isso ajuda. Mas hoje eu fiquei bem triste quando saí de lá. Na verdade, acho que vamos ter dias de altos e baixos, não vai ter jeito. E, querendo ou não, a gente se acostuma a tudo nessa vida. Por mais que seja uma coisa forçada e injusta.

sábado, 16 de julho de 2011

Confissões de adoles... opa, de mãe

Depois de amanhã a Ju começa no berçário e, apesar de eu ter sofrido um bom tanto por causa disso, preciso confessar que já estou bem mais tranquila. Eu aceitei que estou fazendo o melhor que posso e que a gente vai aprender a viver com isso.
Além dessa confissão, tenho mais 3 pecadinhos relacionados a essa nova fase:
1) O fato de que, com o berçário e o trabalho, nossos dias passarão a ser mais iguais e previsíveis e a tendência de a Ju assim adquirir alguns hábitos e acertar um pouco a sua rotina me agrada. Sim, eu sei que isso era obrigação minha e que eu não poderia depender do fim da licença para dar estabilidade ao dia a dia da Ju, mas o fato é que eu não consegui e não quis fazer isso. Só que o ritmo anárquico da Ju me estressa e frustra demais. Além disso, realmente acho que ela vai responder bem à rotininha pré definida. Ela claramente se altera com mudanças de ambientes, horários e pessoas e deve estar precisando de um ritmo mais certinho.
2) Ela vai tomar mamadeira. Pelo menos eu sei que primeiro tentamos o copinho. Mas a mamadeira me deixa mais tranquila de que ela vai mamar o suficiente. Afinal, até agora só conseguimos fazer ela tomar no máximo 20ml no copinho, depois de muito tempo e dedicação do Fabio. Duvido que as tias da escolinha terão 1/3 da paciência dele. E, caso ela ameace desmamar, a gente joga as mamadeiras fora e volta para o copinho.
3) Uma parte da minha angústia pela volta ao trabalho não era por deixar a Ju. Era pela volta ao trabalho em si. Eu não quero voltar. E a esperança de largar o emprego que eu tinha quando engravidei foi por água abaixo. E isso também me aflige.
Bom, agora posso passar pela penitência e ser perdoada, certo?

terça-feira, 12 de julho de 2011

São dois pra lá e dois pra cá

As pessoas me falam que bebês são anárquicos e inconstrantes mas eu tenho muita dificuldade para entender e aceitar isso. E cada mudança de comportamento da Ju é um sofrimento pra mim.
A gente teve um período ótimo nos últimos dias. Ela dormiu bem, eu conseguia fazer ela dormir sem muita dificuldade, ela ficava na cama ou no berço, estava com os horários de mamadas reguladinhos. Na minha cabeça sistemática e maníaca por padrão, estava tudo perfeito. Eu entendendo a Ju com base no relógio.
E aí já comecei a pensar, pela quinquilhonésima vez, 'acho que agora ela entrou no eixo, adquiriu um padrão; já sei que ela dorme de X em X horas, mama de X em X horas, faz cocô de X em X horas'. E vou toda feliz planejar meu dia tintim por tintim e definir exatamente como vou descrever a Ju no formulário do berçário. E, pela quinquilhonésima vez, dou com os burros n'água.
Hoje ela está toda 'desregulada'. Mamou meio aleatoriamente, não dormiu direito, não conseguiu sair do colo para dormir, está super chorona, sensível, carente e assustada. E eu quase comecei com a mesma neura de ficar chateada e frustrada, pensando que eu não consigo conhecer minha própria filha, não a entendo, que ela não se adapta, e todo aquele dramalhão mexicano.
Digo quase porque estou fazendo um esforço sobrehumano pra tentar entender que ela simplesmente está num dia ruim, que todas as pessoas tem dias ruins e que esses dias serão mais comuns do que eu gostaria. Pra entender que as coisas não são como eu planejo e que eu preciso aceitar e lidar com isso. E aprender que, toda vez que eu abuso da previsibilidade da Ju, passando a deixar ela mais no carrinho do que no colo, cobrando uma regularidade de horários que ela não tem e não dando a devida atenção a ela, a pequena me trás de volta, me lembra do que eu realmente tenho que me preocupar e me dá uma bela de uma bronca.
Hoje quero terminar o dia pensando que foi ruim, mas passou e que eu estive com ela durante esse período. E pensar que amanhã é outro dia, que eu não tenho idéia de como vai ser. E só isso.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Ambições

Objetivo de vida da Ju: Conseguir colocar a chupeta na boca sem ajuda.
Meu objetivo de vida: Tirar a chupeta do alcance dela assim que ela conseguir.

Obrigada pela sua opinião #NOT

Impressionante como uma mãe com seu bebê chama a atenção das pessoas. Isso a gente entende, afinal bebês são a coisa mais cativante do mundo. Mas porque as pessoas acham que tem o direito de meter o bedelho sem serem solicitadas???
Já ouvi de tudo, de completos estranhos. Inclusive já tive minha escolha de bebida em um restaurante reprovada pela garçonete 'porque suco de limão dá cólica no bebê'. Mas ontem foi o cúmulo do absurdo.
Estava em uma padaria, tomando chá da tarde com amigos, comemorando o aniversário da Renata. A Ju estava com dificuldades para dormir, pois aquele barulho e luzes atrapalham. Então, é óbvio, que ela estava começando a ficar chatinha e, por isso, resolvi me preparar para ir embora. Fui no balcão buscar o cardápio para levar um lanche para o marido, quando a Ju começou a berrar. Eu estava com bebê chorando, telefone no ouvido e cardápio na mão, então devia estar com uma cara Ó-TE-MA. Resolvi sair de lá e ir para um canto mais quietinho, quando a moça que estava atrás do balcão, funcionária da padaria, parou na nossa frente. Olhou para minha cara e disse, quase intimando: 'o que é que ela tem?'. Eu respondi 'está com soninho', tentando me livrar dela e continuar meu caminho. A vaca (sorry, tô com raiva) pegou na mão da minha filha (ODEIO quando desconhecidos fazem isso!!!) e me disse: 'essa menina está com cólica; ela está com alguma dor', como se fosse a dona da verdade. A Mari, muito mais desbocada e corajosa que eu, responde um 'ela não tá com dor, ela é assim mesmo'. Adorei! Mas a pessoa não se convenceu e me disse: 'coloca a mão na barriga dela e aperta'. Eu só respondi um 'ok, pode deixar' e vazei o mais rápido que consegui.
Gente, eu aceito o fato de que tenho cara de mãe de primeira viagem, que muitas vezes não faço idéia do que tô fazendo e que as outras pessoas querem na boa vontade me passar sua experiência e me ajudar. Mas existe uma baita diferença entre 'nossa, tadinha, será que ela não está com cólica? o que você acha de colocar a mão na barriguinha dela? talvez ajude' e aquelas ordens que eu ouvi ontem, de alguém que nunca me viu mais magra (estou amamentando, né? ahahah).
Que ódio! Eu não estava matando a menina, ela parou de chorar assim que saímos da frente da mulher (quem sabe o problema não era esse, né?) e, querendo ou não, ela é MINHA FILHA. Posso ter o direito de aprender as coisas sozinha? De pedir ajuda para as pessoas que EU escolher nos momentos que EU decidir que preciso?
Então, estranhos, se controlem e limitem-se a dizer que minha filha é linda, porque isso eu sei que é verdade.

sábado, 9 de julho de 2011

Relato de parto

Aproveitando a data, vou publicar o meu relato do parto da Ju, originalmente postado no blog da Renata.


Minha gravidez foi totalmente planejada. Eu e o Fabio decidimos quando eu iria parar de tomar pílula e ficamos esperando. Como demorou um pouco e eu tenho problema com cistos nos ovários (um deles aproveitou a falta de pílula e resolveu crescer horrores), tomei um remédio para estimular a ovulação e pronto: engravidei.
A gestação inteira foi tranquilíssima. Nem parecia que eu estava grávida. Eu sempre me recusei a virar aquelas grávidas que acham que não podem fazer nada. Menos de uma semana antes da Julia nascer eu estava na balada, curtindo a despedida da barriga do jeito que gosto.
Na minha família a cesárea sempre foi considerada uma opção para emergências ou necessidade médica real. O parto normal é o jeito certo de o nascimento acontecer, é melhor para a mãe e para o bebê, por isso nunca foi uma dúvida na minha cabeça.
Então, querendo me preparar da melhor forma possível, assim que soube que estava grávida, entrei em contato com uma fisioterapeuta que haviam me indicado por trabalhar especificamente com gestantes. Foi assim que conheci a Renata. E ela me apresentou o mundo do parto humanizado e do trabalho da doula. Um mundo que eu desconhecia. Sempre ouvi falar em parto natural, com aqueles relatos lindos de parto na água ou ‘no meio do mato’, mas sempre achei que era uma coisa meio hippie e distante. Conforme fui conhecendo esse mundo, fui percebendo o quanto queria fazer parte dele.
Acontece que a Renata também me apresentou o mundo da obstetrícia moderna. Eu não fazia idéia do quanto o nascimento de um bebê havia se tornado um evento frio, mecânico, sem a participação efetiva da mãe e da família. Acabei me tocando de que meu médico não faria mais parte do parto da minha filha. Não que ele não seja um bom médico. Na verdade, ele sempre foi ótimo comigo e eu e o Fabio gostamos muito dele. Acontece que as nossas linhas de pensamento não batiam. Por isso, procurei um novo profissional, voltado para a linha humanista, para me acompanhar. Passei a fazer o pré-natal com a Dra. Mariana, que trabalha exatamente da forma que eu queria.
Passei todo o período da gestação me exercitando, lendo muito e me preparando física e psicologicamente para o parto. Aliás, a gestação toda foi isso: planejamento, planejamento, planejamento. Tenho certeza que muita gente vai ler isso e achar um absurdo. Eu e o Fabio estávamos super tranqüilos e isso provavelmente passou a mensagem de que éramos relaxados ou despreocupados demais. O enxoval foi comprado no último minuto, a mala da maternidade foi arrumada no último segundo. Mas algo nos dizia que essas coisas como quartinho e malas eram o de menos. O principal era garantir o parto e a chegada da bebê da forma que queríamos. Além do mais, eu tinha certeza absoluta que a Julia iria vir com 41 semanas de gestação. Eu já havia até verificado o dia da virada da lua cheia. Pronto. Estava ‘decidido’ o dia que ela nasceria.
Mas, a partir da 39ª semana estava me sentindo estranha. Comecei a arrumar as coisas sei lá porque e a sentir o corpo diferente. Quando estava com 39 semanas e 2 dias, comecei o dia ainda um pouco mais estranha, mas nada que me chamasse a atenção. Logo de manhã, eu e o Fabio aproveitamos para ‘namorar’ um pouco. Sabíamos que é bom para o fim da gestação e, além disso, queríamos manter a intimidade do casal até o mais próximo possível do parto, já que a vida com o recém nascido em casa muda muito e essas coisas acabam ficando para segundo plano.
Continuei tendo um dia muito ativo. De manhã lavei roupa e limpei a casa. Fui no consultório médico depois do almoço. Foi lá que as contrações de BH, muito freqüentes nos últimos dias, passaram a ser um pouco doloridas na base da barriga. A Dra. Mariana disse que elas eram fracas e que a dor provavelmente era da bebê descendo um pouco. Depois da consulta fui buscar o carrinho e o bebê conforto na loja, fiz compras no supermercado, carreguei tudo até em casa, fui buscar o marido no trabalho. Tudo isso com as contrações, mas ainda sem dar muita bola para elas.
Por volta das 10h da noite, conversando com a Renata e a Mari no MSN (Mari é uma amiga apresentada para mim pela Renata, que foi doula no seu PD; hoje é uma amiga queridíssima que, assim como a Renata, me ajudou e ajuda MUITO com as questões de gestação, parto e bebê), comentei das contrações e comecei a monitorar a freqüência delas no relógio do computador. Elas vinham mais ou menos a cada 14 minutos. Conclui que os alarmes falsos começariam e que o parto em si provavelmente seria em alguns dias. Fui dormir.
Levantei mais ou menos a 1h30 da manhã, as contrações incomodavam. Como o Fabio estava trabalhando na sala, fiquei com ele monitorando o tempo e batendo papo. Agora elas vinham a cada 10 minutos. Não consegui voltar para a cama. Fiquei na sala mesmo, cochilando no sofá e monitorando o tempo. A freqüência diminuiu para a cada 5 minutos e a dor ficou um pouco mais chata. Eu caminhava pela casa, respirando e planejando o dia seguinte.
Quando deu 5h da manhã, senti uma contração bem forte, fui para o banheiro e lá um pouquinho de líquido com um pouco de sangue escorreu. ‘Deve ser a bolsa’, pensei. Acordei o marido e liguei para a Renata, que combinou de vir para a minha casa por volta das 7h00. Acontece que, depois desse episódio, as contrações passaram a doer bem mais e a ficar bem mais rápidas. Fabio começou a marcar o tempo comigo e vimos que o intervalo era de 2 minutos ou menos. Era hora de finalizar a mala da maternidade, carregar o carro e ligar para a médica.
A Renata chegou e já me achou entregue. Eu estava chorando e assustadíssima com a rapidez e a intensidade daquilo tudo. A dor havia aumentado demais de uma hora para outra e, sabendo a teoria do trabalho de parto, eu imaginava que iria ficar horas e horas naquilo e me desesperei. Mais importante que isso: eu não queria aceitar que, depois de ter tudo perfeitamente desenhado na minha cabeça, eu iria fraquejar tão cedo. Afinal, o trabalho de parto seria gradativo, eu iria trabalhando a dor na minha cabeça conforme ela viesse e aumentasse, e a parte dura mesmo seria no fim. Pois é, meu parto estava todo definido na minha cabeça. E eu estar morrendo de medo da dor tão no começo de tudo era um fracasso muito grande. Chorava de decepção.
A médica chegou por volta das 8h30 e me examinou. ‘O colo está fino como um papel’, ela disse, mas eu já me achava uma medrosa fracassada. Ela voltou para o consultório e viria me ver de novo na hora do almoço. Depois fui ficar sabendo que ela chamou o Fabio no canto e disse que a dilatação era de apenas 1 cm, que eles precisariam me acalmar e me fazer descansar, pois ainda iria demorar um pouco.
A Renata e o Fabio foram me ajudando a tentar aceitar a dor das contrações. Por um tempinho até consegui cochilar entre elas, mesmo com um intervalo tão curto. Mas volta e meia eu voltava a me desesperar e chorar. ‘Que dor era aquela? Não era para ser assim, tão rápido! Imagine se for doer assim, aumentando de intensidade, até a madrugada! Eu nunca iria conseguir!’. Nessa hora o apoio da Renata e do Fabio foram a coisa mais importante do mundo. As massagens e as palavras, mesmo eu não aceitando os argumentos deles.
Em um desses momentos mais ‘punk’, a Renata sugeriu o chuveiro. Provavelmente um pouco de água quente iria me acalmar e eu conseguiria levar mais algumas horinhas. Fiquei lá não sei quanto tempo. Com a Renata conversando comigo, enquanto eu chorava. E foi ali, no chuveiro, que a vontade de empurrar no fim de cada contração, começou a ficar mais intensa. Como a Dra. Mariana disse que eu poderia empurrar se tivesse vontade (afinal, a bebê nem havia encaixado ainda e provavelmente estava fazendo isso), eu fui obedecendo ao que o corpo pedia.
Todo aquele tempo debaixo do chuveiro quente e empurrando me deu um pouquinho de força. Resolvemos que eu iria sair e ir para a cama. Acontece que, saindo de baixo da ducha, veio outra contração bem forte e acabei sentando no vaso. A posição ali era boa e relativamente confortável, resolvi ficar. A Renata saiu do banheiro e me deixou sozinha com o Fabio, sentado no chão na minha frente. Ficamos lá um tempão, sozinhos, quase sem falar nada. Ele apenas me acompanhando, me apoiando, enquanto eu gritava e fazia força. Muita força.
A pressão embaixo começou a aumentar e a vontade de empurrar ficou incontrolável. Pedi para o Fabio chamar a Renata, que me explicou que a pressão era normal. ‘Mas, Re, está MUITO forte. Estou sentindo uma bola. Dá uma olhada para mim.’. Foi nesse momento que ouvi: ‘Olha, cabelinhos!’.
Pois é, a bebê estava coroando. Ia acontecer, daqui a pouco. Fui tomada por um pânico de não estar no hospital, de não ter uma médica ao lado, de estar numa fase do parto completamente diferente da que eu achava que estava e pedi ajuda para a Renata. Mas, ao mesmo tempo, fui tomada por uma força e confiança que vieram não sei de onde e comecei a empurrar mais ainda.
Ouvi a Renata pedir para o Fabio ligar para a médica. Ouvi o Fabio ligando e dizendo ‘Dra., então, está nascen... Nasceu!’. E nessa hora a Julia saiu. Inteirinha, de uma vez, em uma única contração. A Renata amparou e me ajudou a pegá-la. E eu fiquei com cara de tonta, olhando um para a nenê minúscula chorando no meu colo, pensando ‘Que diabos aconteceu aqui???’. Em 2 horas eu havia dilatado os 9 cm restantes e passado por todo o período expulsivo. Agora entendo a força, a rapidez e a intensidade das dores...
Sei que nesse tempo o Fabio conversou com a Dra. Mariana, a Renata também, eles me ajudaram a ir para o quarto e esperar que as médicas viessem cuidar de mim e da Julia Mas eu não lembro muito bem como foi essa parte. De repente as médicas estavam lá, eu e a Julia estávamos bem.
Foi a experiência mais surreal e maravilhosa que já tive. Acabou sendo em casa, o ambiente perfeito para um nascimento, com a presença de quem me entendia e me ajudou a passar por isso.
A Renata foi a doula perfeita. Me conhecia desde o início da gestação, sabia o que fazer e o que dizer (ou não dizer) e teve toda a paciência do mundo comigo. Além de passar toda a segurança que a gente precisava num momento como esse. E tenho certeza que ela vai lembrar para sempre de ter amparado a Julia.
O Fabio foi o marido mais perfeito que eu poderia ter. Me emociono toda vez que penso no nosso momento de quase silêncio no banheiro, com ele do meu lado me apoiando. E agora tem se mostrado um pai magnífico. Participativo, amoroso, corajoso.
Esse parto foi perfeito. Exatamente por ter sido completamente fora do que eu imaginava que seria. O perfeito na minha cabeça deu lugar ao perfeito real, vivido e sentido por nós. E a Julia já veio ao mundo ensinando uma lição valiosa para a mãe dela. Espero que o nascimento da minha filha me ajude a entender e superar esse comportamento controlador e me ajude a viver mais as coisas como elas são e não como eu acho que elas deveriam ser.


Para quem quiser ler a versão da Renata, é só acessar aqui.

'É como se eu tivesse esperado toda vida pra te embalar'



Hoje faz 1 ano que descobri que estava grávida. Eu já estava suspeitando e, antes de ir para a Unicamp fazer meu treino (tava naquela fase da vida que a gente finge ser atlética), resolvi fazer o teste de farmácia. Deu um 'positivo' tímido, eu não tinha certeza se estava ou não, nem sabia o que sentir. E ficava perguntando o tempo todo pro Fabio 'amor, será?' e ele respondia 'claro que tá!'.
Faz só 1 ano. Muito pouco tempo para o tanto que minha vida mudou. Eu já nem lembro de mim antes da Ju existir. Fiz amigas, descobri como se faz parto nesse país, conheci minhas preferências, busquei a realização do que queria, tive muito medo, superei a dor, tive apoio de quem me ama, conheci o ser mais precioso do mundo, me doei para ela, tive muito mais medo ainda, estou superando esse medo a cada dia. Sou a mesma pessoa, mas completamente diferente. Hoje choro com coisas que não chorava antes, sinto falta de ar se pensar no que pode acontecer com ela, torço para que consiga dar o meu melhor, erro e acerto o tempo todo. Penso muito nos meus pais e em mim como filha, me arrependo de muita coisa, admiro os dois e os enxergo de outra forma. Me preocupo com o que não tinha importância, penso em assuntos que não me interessavam, tomo decisões pensando que elas atingem alguém que depende 100% de mim.
Sou absolutamente grata por tudo. Grata ao que a vinda da Ju proporcionou, grata ao Fabio por me ajudar nesse caminho, grata aos amigos que fazem parte da minha vida. E grata por poder sentir o maior amor do mundo.
PS: O título é o refrão da música 'Reconhecimento', do Projeto Acalanto.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Música infantil

Estou ouvindo 'Casa de Brinquedos' com a Ju. Que álbum fantástico! Isso sim é música infantil. O próximo a ser baixado é 'A Arca de Noé', sem dúvida.

domingo, 3 de julho de 2011

Comédia pastelão

Ontem fui (enfim) esterilizar a bomba para ordenhar leite materno e um pote para armazená-lo. Eu já tinha planejado começar os treinos com o copinho nessa semana, para termos um tempinho de comprar uma mamadeira caso seja necessário, mas confesso que o encontro no Grupo Vínculo ontem me assustou. Várias mães dizendo o quanto foi difícil os bebês pegarem a mamadeira, contando o tempão que levou e o tanto de bicos diferentes que tentaram. Por isso, percebi que preciso acelerar o processo e torcer para a Ju não ter muita dificuldade com o copo ou com a primeira mamadeira que a gente tentar. Afinal, temos apenas 15 dias até ela começar no berçário.
Meu deus, que coisa ridícula que foi aquilo! Eu não sabia qual panela usar, coloquei pouca água, me embananei para achar um lugar para colocar os utensílios para secar. Ainda tenho que rebolar para esterilizar instrumentos numa casa com 2 gatos extremamente curiosos. Fiz uma lambança na hora de tirar da panela, consegui queimar o dedo na água fervente, levei um tempão para fazer tudo.
Não vejo a hora de entrar no ritmo e já fazer tudo isso quase que no piloto automático. Porque se for do jeito que foi ontem estou ferrada. Seria mega estressante passar por essa novela da esterilização depois de um dia todo no trabalho, com saudade da filha, ela também com saudade exigindo minha presença, ainda tendo coisas da casa para cuidar e o dia seguinte para organizar.
Mas a prática só vem com a repetição, né? Toca ferver potinho todo dia nessa bagunça até pegar o ritmo.