quarta-feira, 25 de abril de 2012

Pede cachimbo

Acho que o dia da semana que mais me estressa é o domingo. Domingo é o dia oficial de ver os avós. Normalmente vamos em uma das 3 casas, o que é legal porque a gente sai do apartamento minúsculo, vê a família e bate um rango. Se não vamos, em algum momento do fim de semana recebemos uma visitinha "só para ver a preta". É muito raro o fim de semana sem avós.
Não que isso seja ruim. É muito melhor uma família que ama a Ju loucamente do que uma que nem liga pra ela. Mas confesso que fico um pouco incomodada com essa dificuldade em ficar um tempo maior sem vê-la e mais irritada ainda com a dificuldade em ficar mais de um dia sem saber se "está tudo bem". Tá tudo bem, porra. Se não estiver, todo mundo vai ficar sabendo.
Mas a obrigação social do domingo me irrita por muitos outros motivos além desse. Começa na administração dos horários da Julia, desde o dia anterior, para conseguirmos chegar na casa dos avós da vez perto da hora combinada, sem sermos "atrasados" por uma soneca fora de hora. Aí tenho que pensar nas comidas para levar. Dependendo da hora que formos embora, tem um número X de refeições.
Mas comida é o de menos, a gente se vira com o que tiver disponível lá, em último caso. O que pega é o sono da Ju. Ela está terminando a transição de 2 para 1 soneca diária, mas ainda tem algumas recaídas. E isso é normal, mas é um saco quando acontece. E como o fim de semana é sempre mais bagunçado e na segunda ela tem que voltar para a rotina, eu tento manter a coisa o mais controlado possível para ela não sofrer muito no começo da semana.
Mas aí tenho que aguentar umas coisas que não consigo entender. Se a menina chega na casa dos avós dormindo, eu e o Fabio temos o maior cuidado do mundo para tirá-la do carro e e colocá-la em uma cama ou colchão sem acordá-la. Mas sempre tem 376988009 pessoas em volta, olhando para ela e mal deixando a gente se movimentar, falando com a gente enquanto carregamos um nenê dormindo, para saber se precisa de mais alguma coisa, se pode ajudar com XYZ. E, é lógico, a menina acorda. Juro que não entendo. Tem uma NENÊ que está DORMINDO e a mãe dela está colocando ela na cama. É tão difícil entender que é pra sair de perto e ficar quieto?
Ok, ok, acordou mesmo, bola pra frente. Curtimos o almoço, ela demora um pouco para se soltar (afinal estava dormindo até 2 minutos atrás, está numa casa estranha com gente esquisita, obviamente que quer ficar no colo de um dos pais), mas tudo corre bem e tranquilo. E então a gente começa a se preocupar com a soneca do dia.
Vou tentar fazê-la dormir em um outro cômodo, longe da bagunça. Ela dificilmente aceita dormir quando tem movimento, coisas novas e diferentes, então eu vou dar tetê afastada. E, quando olho do lado, tem 298392879 pessoas junto, querendo olhar ela mamar. É óbvio que ela não dorme. E as 83084385093 pessoas aproveitam, arrumam a desculpa de que 'ela provavelmente não quer dormir' e toca levar a menina pro meio da bagunça de novo.
Aí eu resolvo trocar a fralda. E 340938082038979 pessoas vem junto. Pra ver ela ser trocada. E me ajudar. Como se fosse algo novo pra mim. Mas tudo bem, eu vou aguentando. Irritada, mas compreendendo, e aguentando.
Só que uma hora a gente decide ir embora, dizendo que ela precisa dormir e que no carro vai ser tiro e queda. E sou obrigada a ouvir 'que não é a criança que quer dormir, e sim os adultos que querem que ela durma'.
É, acho que é isso mesmo. Mas vamos analisar os fatos:
1) A criança NÃO QUERER dormir não quer dizer que ela NÃO PRECISE dormir.
2) O adulto quer sim que ela durma. Porque é esse adulto que vai ter que aguentar a criança extremamente cansada e agitada, sem conseguir dormir, até tarde da noite. É esse adulto que vai acordar 983094830854 mil vezes na madrugada para dar peito para a criança que não tem qualidade no sono. E é esse adulto que vai levantar as 6h da manhã no dia seguinte para trabalhar e cuidar da casa e cuidar da criança, sem direito a soneca para se recuperar da noite mal dormida.
Portanto, respeitem o sono da criança. Mesmo se ela não demostre que quer dormir.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Tá faltando estrutura hoje

Comecei a ler as coisas sobre a votação da legalização do aborto de bebês anencéfalos que vai acontecer amanhã. Afinal, devo ficar por dentro, formar minha opinião sobre assuntos que influenciam diretamente a vida das mulheres brasileiras. Querendo ou não, eu sou mulher e, principalmente, a Julia vai se tornar uma e vai viver aqui, com as leis e direitos que a gente conquistar pra geração dela. A gente tem que cuidar do futuro das nossas filhas.
Acontece que não estou conseguindo. Tá me machucando. Isso e muitas outras discussões desse 'universo feminino'. Uma coisa é o racional estar preparado, outra bem diferente é o emocional estar.
Tô com vontade de correr pro meio do mato, com a Ju, o Fabio e a Bonnie junto (a saudade do Clyde ainda me pega de jeito...). E mandar o mundo inteiro a merda. Parar de ver essas coisas. Parar de saber que elas existem. Tô sem estrutura pra isso hoje.

domingo, 1 de abril de 2012

Déjà vu

Aliás, por causa desse novo horário, estou passando pelo maior déjà vu da minha vida.
Explico: A Julia ficava em casa de manhã e ia para a escola a tarde. Por isso, como as tetas estavam à disposição no período matutino, ela acostumou a mamar um monte nesse horário. Quando a gente mandava ela pra escola de manhã, só deixávamos ela lá depois das 8h30, porque ela já tinha mamado bastante e dali 1 hora teria o lanchinho.
Só que agora ela vai entrar no berçário as 7h30, horário que mamaria em casa mais umas 2 vezes até o lanchinho. Além disso, no próprio berçário as crianças mamam nas suas mamadeirinha de LA todas as manhãs as 8h30. E a Ju MORRE de vontade de mamar também ao ver todo mundo mamando.
Conclusão: peguei uma bomba elétrica emprestada (te amo, amiga Lemom!), fervi os potes, tirei a mamadeira empoerada do armário... E vou mandar meu leitinho materno bonitinho pra minha pequena mamar com os coleguinhas.
Só que, agora vários meses depois da primeira experiência, tá MUITO mais difícil conseguir ordenhar. Coloca MUITO nisso. Ralo as tetas, uso ocitocina sintética, tomo banho quente, tomo litros d'água... E sai 50ml. O máximo que consegui até agora foi 85ml, e comemorei como se fosse final de campeonato. Um detalhe importante é que não vou poder fazer a ordenha no escritório. Afinal, reduzi minha carga para 4 horas diárias, não posso perder 1 hora inteira trancada no banheiro. Vou ter que ordenhar todas as tardes, em casa, quando o Fabio estiver com a gente. E também todas as noites, algumaz vezes. E, se bobear, acordar ainda mais cedo pra completar a mamadeira do dia. SUPER!
Minhas Lemoms queridas já falam em LA, super na boa vontade. Que não faz mal só uma mamadeira. Que não tem problema. Que eu não posso me matar, tenho que ir até meu limite e aceitar quando não aguentar mais. E racionalmente eu aceito todos esses argumentos e até a possibilidade do complemento. Mas emocionalmente me dá uma dor! Milhões de vezes mais forte que a dor das tetas raladas pela bomba.

Acerta o seu aí, que eu arredondo o meu aqui

Amanhã vai ser o primeiro dia de um monte de mudanças aqui em casa. O Fabio arrumou um 'freela-fixo' e vai trabalhar fora todas as segundas, quartas e sextas, das 8h00 às 12h00. Como o meu trabalho também está meio bagunçado, em termos de horário e pagamento, resolvi propor uma diminuição da minha carga horária e do meu salário, junto com um local mais fixo de trabalho (fora de casa), e também trabalharei das 8h00 às 12h00, todos os dias. Assim, a Ju passará a ir para a escola na parte da manhã, entrando bem cedinho. Mais ou menos das 7h30 às 12h30.
Eu acho que, apesar de ter que acordá-la mais cedo do que ela acordaria naturalmente, vai acabar sendo bom pro relógio biológico dela. Vamos ter um pouco mais de estrutura nas nossas rotinas. Ultimamente está bem bagunçado, acredito eu que seja porque ela está num período de transição entre 'preciso de 2 sonecas por dia' e 'acho que rola só 1 soneca por dia'.
Até hoje a gente tem saído da cama mais tarde (entre 7h30 e 8h30, sem horário fixo), e ela anda dormindo na hora do almoço e almoçando mais tarde. E como na maioria das vezes o 'preciso de 2 sonecas por dia' prevalece, ela muitas vezes resolve cochilar de novo no fim da tarde e aí só vai ter sono para dormir de noite lá pelas 21h30. Juntando isso com o clima de 'preciso aprender a andar com máxima urgência', tem dias que dá meia-noite, mas não dá Julia na cama.
Sei que o começo vai ser meio duro na adaptação dos 3 dela. Juro que já tô com sono antecipado... Sei que ela vai ficar chatinha, eu vou ficar um cu, o Fabio vai ficar um trapo. Mas vamos que vamos. Nos desejem sorte.