sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Masoquismo materno

Andei meio sumida daqui. Tenho questionado tantas coisas e elas incluem o blog. Não tenho visto muito sentido em mantê-lo: praticamente ninguém lê, eu não sou especialista em maternagem, só fico escrevendo uns sentimentos bobos e sem muito sentido que poderiam muito bem estar num caderno (que já existe desde a gestação, by the way) ao invés de estar na internet.
Mas no fim o blog tá aqui, eu tô aqui de volta, e vamos lá. Preguiça de pensar se mantenho ou não, preguiça de tirar do ar, deixa ele aqui mais um tempo. Pelo menos até a próxima crise.
Várias coisas aconteceram nesse tempo. A Ju começou a aceitar as frutas, está adorando papinhas salgadas, teve que ficar aos cuidados das avós pela primeira vez e eu odiei (acho que isso tem potencial para um post), eu passei dias amando o 'mundo mamífero', passei dias odiando o 'mundo mamífero', fiquei feliz, decepcionada, triste, carente, sensível. Nem acho que seja 'coisa de mãe', não. Acho que é coisa de corpo ensaiando pra retomar seus ciclos, mas que não caga nem sai da moita.

Mas o tema da vez é minha dificuldade em opinar e ter a cabeça feita. Explico-me: Essa idéia de maternagem ativa é muito nova para mim. Muito mesmo. Até pouco tempo antes de engravidar, a Super Nanny era minha heroína. Acontece que, entrando em contato com a humanização da gestação e do nascimento, consequentemente entrei em contato com uma outra forma de pensar a maternidade que, agora, parece fazer muito sentido para mim. Acontece que é tanta informação nova que eu simplesmente não consigo saber o que eu acho das coisas, se concordo ou não, porque concordo ou não, quais são meus argumentos e, principalmente, o que escolher para minha vida e a vida da minha família.
Se eu não tivesse conhecido esses conceitos novos, televisão para bebês seria normal, médico nunca seria questionado, vacinas seriam a salvação da vida da minha filha, DVDs e brinquedos infantis de todos os tipos não seriam uma forma de ensinar o mundo da maneira errada para ela. Essas coisas NUNCA foram questionadas na minha família ou na família do Fabio. Mas agora eu começo a conhecer o outro lado de TUDO. Descubro que todas essas coisas normais tem seu lado ruim.
E chegam as dúvidas: Será que TV é assim tão absurdo? DVD da Galinha Pintadinha e Patati Patatá são assim tão prejudiciais? Eu quero mesmo que ela durma na minha cama? Pode brincar com brinquedos de plástico? Pode brincar com brinquedos tidos como 'de menina'? Escola com grama artificial vai ser tão ruim? E aí? Como fica?
Eu concordo com esse lado ruim das coisas? Por que? Pior ainda: se não concordo, COM O QUE eu concordo?
Se concordar, como vou aplicar isso na minha vida de repente? Afinal, o Fabio conhece uma Éricka com outras opiniões. Eu não posso mudar radicalmente em pouco mais de um ano. E todas as coisas que antes a gente concordava? Como a gente faz agora para criar uma filha, tendo opiniões diferentes? Eu que vou predominar e 'mandar' nele, dizendo o que pode e o que não pode?
E todo mundo que está em volta? Eu vou ser a chata da família, que não deixa os avós e tios fazerem nada? Que recusa os presentes que ela ganha? Vou obrigar todo mundo a entrar na dança? Não tem cabimento. Lembro até do dia que vi que na festa do filho da Marisa Monte tinha bolo vegano e brigadeiro de soja e eu brinquei que os coitados dos convidados tiveram que levar marmita de casa. Eu não quero ser a Marisa Monte. A gente ia ser a família de estranhos, a Ju ia ser a menina esquisita do bairro e da escola e ela simplesmente não saberia como é o mundo de verdade.
Além do mais, eu não vou mudar minha vida por inteiro. Eu estou melhorando sim, mas ainda gosto de fast food, de seriados enlatados, dou risada de piadas preconceituosas apenas pelo humor, peco no cuidado com o meio ambiente. Não faz sentido pregar uma coisa para a Ju e não agir conforme o eu que prego. A cabeça dela ia virar do avesso e eu ia ser a maior hipócrita do mundo. Não tem cabimento colocá-la numa escolinha que abomina a TV e só tem brinquedos de madeira e, em casa, colocar um DVD infantil. Eu não sou Waldorf Hippie Natureba Vegana.
Juro que isso está me tirando do sério. É muita pressão. Tenho medo de fazer a coisa como ela sempre foi por não saber como ou o que questionar e fazer mal para o crescimento da Ju. Ou ainda, fazer a coisa como o mundo da maternagem consciente dita só porque eles dizem que é assim que tem que ser e novamente fazer mal para o crescimento da Ju. Temo muito pelo dia que ela começar a ter suas opiniões, vontades, questões. Eu simplesmente não vou saber o que fazer! Quando ela vier com uma Barbie, ou conhecer a maldita da Xuxa através de uma amiguinha, ou comer uma bolacha recheada super industrializada na escola. Eu vou brigar? Se for brigar, eu vou saber PORQUE estou brigando?
Aí eu leio coisas do tipo: siga seu instinto, faça o que seu coração mandar e toda essa breguice. Acontece que eu não tenho instinto, meu povo. Se tivesse, minha filha não tinha caído na privada (RYSAS). Eu não consigo saber o que eu acho que é certo... Meu instinto tá meio mudo. Também penso em parar um pouco de ler blogs, sites, livros de maternidade consciente, parar de participar de listas de discussão e grupos de apoio. Mas foi assim que eu tomei conhecimento das várias questões e, se ficar sem isso, vou passar a criar a Ju como a sociedade manda. E isso, eu sei que não quero. Pelo menos alguma coisa eu tenho certeza nessa história toda.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Sempre tem uma primeira vez

A Ju tá doente. De verdade, dessa vez, porque ela já teve resfriadinhos mínimos que só escorria o nariz e estava tudo certo. Dessa vez é um baita resfriado: ela tá com tosse cheia, espirrando, com dor de garganta e febre. E eu fico tensa.
NUNCA cuidei de um doente na vida. Não tenho ideia do que fazer. Devo cobrir, descobrir, pôr roupa, tirar roupa, abrir janela, fechar janela, dar banho, dar remédio?... A sensação de ter alguém pequenino e frágil dependendo de você é assustadora.
A história de uma colega de lista de maternas que acabou de perder o filho de 5 anos para uma pneumonia que avançou terrivelmente da noite para o dia me abalou um pouco. Se até aquelas mães, que são um modelo pra mim, estão sujeitas a esses acontecimentos terríveis, onde é que eu fico? Aí os fantasmas do parto voltam a bater: e se eu não perceber que minha filha está mal? E se meu instinto for, de fato, defeituoso?

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Detalhe: ela não foi trocada antes de dormir. Aguardem...
A Ju chegou dormindo da escolinha. Pensamos que era só um cochilo, então colocamos o bebê conforto na cama, pra não ter que mexer com ela, e esperamos acordar. Acontece que a bicha acordou, berrou e, no colo, pegou a chupeta e dormiu de novo. Pesado.
Bom, coloquei no berço. Ainda não sei porque nem sei se realmente quero. Mas coloquei.
Pode ser que eu durma lá no quarto dela hoje. Acho que preciso tirar essa sensação de mim.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

O fim da cama compartilhada?

Não sei dizer porque, mas de uns dias pra cá tenho questionado um pouco a cama compartilhada e tido vontade de testar o berço com a Ju. Mas dessa vez testar de verdade, ou seja, deixar ela dormir lá de noite, sem eu dormir no chão do quarto dela.
Posso estar pensando isso por vários motivos: eu não acho muito justo o Fabio dormir separado de nós, na sala, eu quero ele de volta na cama comigo, eu estou cedendo um pouco às pressões sociais (mas ela dorme na sua cama???), eu tenho medo de ela demorar demais pra sair da minha cama por livre e espontânea vontade.
Mas aí, quando eu penso nesses motivos todos, eu também penso nos argumentos contra todos eles:
- 'eu não acho muito justo o Fabio dormir separado de nós, na sala' - se não é justo com ele, que é um adulto que entende as coisas, com certeza não é justo com ela, uma bebê de 6 meses;
- 'eu quero ele de volta na cama comigo' - e aí ficaríamos eu e ele acompanhados enquanto ela, novinha, ficaria sozinha?
- 'eu estou cedendo um pouco às pressões sociais (mas ela dorme na sua cama???)' - se é por pressão social, não é por minha própria decisão ou vontade
- 'eu tenho medo de ela demorar demais pra sair da minha cama por livre e espontânea vontade' - o correto é eu dar estrutura para ela crescer no tempo dela e só sair da minha cama quando estiver pronta para sair, independente de quanto tempo leve
E aí? O que eu faço?
Tô achando que vou acabar testando o berço numa noite dessas, só para ter certeza de que a cama compartilhada é o ideal mesmo e apagar de vez todos esses motivos para abandoná-la. Ou não. Talvez o teste me mostre que nós já estamos prontas para dormir separadas, mesmo sendo mais trabalhoso para mim ter que levantar e ir até o quarto dela quando ela chora ao invés de simplesmente resolver o problema ali na cama mesmo.
Tô com MUITA vontade de estar grávida e de parir de novo. É normal?

domingo, 11 de setembro de 2011

Seis meses.

Half of what I say is meaningless
But I say it just to reach you,
Julia

Julia, Julia, oceanchild, calls me
So I sing a song of love, Julia
Julia, seashell eyes, windy smile, calls me
So I sing a song of love, Julia

Her hair of floating sky is shimmering, glimmering,
In the sun

Julia, Julia, morning moon, touch me
So I sing a song of love, Julia

When I cannot sing my heart
I can only speak my mind, Julia

Julia, sleeping sand, silent cloud, touch me
So I sing a song of love, Julia
Hum hum hum...calls me
So I sing a song of love for Julia, Julia, Julia

sábado, 10 de setembro de 2011

Viva a tribo!

A minha vizinha de porta teve um bebê faz exatamente uma semana. E eu vejo nela a minha cara de seis meses atrás. Aquela cara de felicidade misturada com medo misturada com cansaço misturada com amor misturada com desespero. E ainda mais um monte de sentimentos misturados.
Estou ajudando como posso. Não que eu saiba tudo ou seja a dona da verdade (muito pelo contrário, até hoje não sei bem o que estou fazendo enquanto crio a Ju), mas estou 6 meses na frente dela, então posso tentar dar algumas dicas. E acabo percebendo o quanto a tribo é importante para a gestante e para a mãe. Só saber que tem alguém do seu lado já é um alívio enorme.
Renata, Elena, Mariana, Luciana, Sara e todas as outras que me apoiaram, me deram dicas, me acalmaram, me ensinaram, me mostraram a realidade, seguraram na minha mão, me disseram o incrível mantra 'vai passar' milhões de vezes seguidas: MUITO OBRIGADA! Vocês foram essenciais nessa fase da minha vida.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O sacrifício do parto

Li no Facebook de uma amiga a seguinte citação: ‎"Everyone must be willing to sacrifice. Do you know what sacrifice means? The first part of the word "sacrifice" means holy. From that perspective, sacrifice no longer goes into suffering. Sacrifice goes into holiness, into peace, into calmness, and the real willingness to give to others. We will actually sacrifice our time and give it to others. That's service. We are here to serve each other". - John-Roger
Não consegui evitar fazer uma ligação com o parto natural.
Optando por ele, a mulher se sacrifica: ela se esforça, sente dor, cansaço, medo, sente que não conseguirá chegar até o fim. E pior ainda, a mulher sacrifica a chance de não sentir dor, de escolher a hora de seu filho nascer, de tornar tudo mais prático, de não ter que enfrentar seus medos, suas sombras e tomar suas próprias decisões. Ela sacrifica a chance de passar por uma intervenção cirúrgica que resolveria o nascimento de uma vez, sem ela ter que passar por tudo isso.
E para que? Para ter uma das experiências mais transformadoras da vida. Para ter, sim, mais segurança e menos riscos. Para se conhecer como nunca conseguiu. Para garantir que seu filho seja respeitado e acolhido.
Por isso o trecho 'sacrifice no longer goes into suffering. Sacrifice goes into holiness, into peace, into calmness, and the real willingness to give to others.' faz tanto sentido nesse contexto. O 'sacrifício' do parto natural não é sofrimento. É sagrado. É paz. É calmaria. É a vontade real de doar ao próximo.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Sétima arte?

Desde que engravidei em percebi que simplesmente não aceito assistir cenas de filmes, séries ou novelas que trazem gravidez, parto ou cuidados com um nenê. Sinto uma raiva incontrolável! Não sei dizer bem porque, mas acho que é porque sei o quanto é falso. E odeio que o real não é passado para frente, sabe? Me dá mesmo muita, muita raiva. Acho que estou ficando louca. Tipo aquelas hippies, barulhentas, com as tetas de fora, flores na cabeça e uma faixa na mão fazendo protesto. POR FAVOR, me dêem um chacoalhão caso eu esteja ficando chata demais. Tenho medo disso...

Cantem comigo!

A Ju rolou pro outro lado! A Ju rolou pro outro lado! Outro lado, outro lado! A Ju rolou pro outro lado!