Eu já estava apreensiva uns 3 dias antes do natal, pois sabia que a festa é cheia de gente, movimentada, de noite, e que a Ju não está acostumada com nada disso. Já imaginava alguém insinuando que eu deveria dar comida da ceia ou refrigerante para ela, deixá-la acordada até tarde no meio da zona ou passar de colo em colo com a desculpa do "Mas é natal. Coitada da menina". Resumindo, coisas de mãe neurótica.
Eu e o Fabio passamos o dia 24 todo explicando para ela que aquele era um dia de festa, que todo mundo ia querer ficar perto dela porque ela é muito amada mas que, quando ela ficasse cansada ou assustada, era para nos mostrar que a gente trataria de defendê-la. E assim fomos para a ceia de natal na casa dos meus sogros.
Ela chegou lá dormindo (pois estava no horário de dormir mesmo e uma volta de carro é tiro e queda). Foi direto para o quarto no andar de cima e nós ficamos curtindo a festa e dando sempre uma escapadinha para espiá-la. Por volta das 21h ela acordou, como faz em casa, e foi prontamente atendida, como fazemos em casa. Eu e o Fabio estavamos muito espertos e já corri para o quarto ao menor sinal de movimento. Dei teta, como sempre faço, mas o lugar diferente e o barulho do andar de baixo aguçaram a curiosidade da pequena, que se recusou a dormir. A safada começou a dançar no meu colo, no quarto escuro. Bom, então vamos pra festa, né?
Desci com ela, mas ficamos num canto, até ela se acostumar. A cara de sono era explícita! Todo mundo vinha aos poucos falar um oi e dar um aperto, até que ela foi se familiarizando e, depois de um tempo, estava passeando pela festa e brincando com os primos. Foi muito pouco para o colo de outras pessoas, isso ela não aceitava muito e a gente não forçava. Todo mundo que queria pegá-la no colo fazia isso, mas assim que ela se sentia incomodada e reclamava, eu ou o fabio pegávamos de volta sem nenhuma cerimônia. E muito das brincadeiras e bagunças ocorriam com ela no nosso colo mesmo.
Lá pelas 23h eu senti que o sono dela estava forte, fui de novo no quarto escuro dar teta e de novo ela me driblou. Apesar de estar passada, não quis saber de sair da bagunça. Então pedi para adiantarmos um pouco a troca de presentes. O amigo secreto foi hilário (como sempre) e depois o restante dos pacotes começou a ser distribuído.
Como era de se esperar, as crianças foram inundadas de pacotes. As maiores já rasgavam os embrulhos, empolgadíssimas, enquanto a Ju ia recebendo os dela no meu colo. E, conforme a pilha ia aumentando e ela ia sendo abordada por alguém diferente a cada 3 minutos, a coitadinha foi ficando meio em pânico, olhava para mim e soltava um barulhinho de medo, enfiava a cara no meu peito. Fui driblando, tentando não deixar ela ficar muito assustada e chorar, mas também sem ser chata com a família que estava celebrando. Depois que os pacotes acabaram, o Fabio foi guardar tudo no carro, subiu para trocá-la enquanto eu comia a sobremesa (não vou embora sem meu doce) e fomos embora.
Obviamente a pequena capotou no carro. Chegamos em casa por volta da 1h da manhã, assistimos um pouco de TV e também dormimos. Não tenho certeza absoluta da quantidade, mas lembro de pelo menos 4 vezes que a Ju acordou durante a madrugada. Acordou querendo colo, aconchego, nem era fome. E quando deu 7h30 da manhã já estava acordada de vez.
Passamos o dia 25 na casa da minha mãe, outro excesso de estímulos, pessoas, coisas e locais diferentes. Até tentamos manter um pouco da rotina dela, mas não tivemos lá muito sucesso. Ela não dormiu tanto na soneca da tarde, almoçou bem fora do horário, acabou dormindo no carro na volta e acordou fora do horário da janta. Passou o dia chorosa, só querendo saber de colo de pai e mãe, apesar de se divertir bastante com os avós e tios. Sei lá, a gente percebe quando ela está diferente.
Resolvemos começar a recuperar a bagunça quando ela acordou, umas 19h, pois estávamos só os 3 e na nossa casa. Juju tomou um banhão refrescante com o pai e mamou bastante. Aí ficou no quarto escurinho, brincando sem brinquedos ou muita bagunça. Aí foi cansando, cansando, cansando. E lutando, lutando, lutando. Acabou dormindo umas 21h30, enquanto rolava pela cama.
E dormiu até as 6h da manhã. Primeira vez EVER que dormiu a noite toda sem intervalo para mamar. De tão cansada que estava. Mamou e voltou a dormir, acordando pouco depois das 8h. Aí mantivemos a rotina e os estímulos controlados. Continuou chorosa e carente durante a manhã e as 10h30 estava dormindo de novo. Foi até 12h30. Não quis almoçar, só teta, brincou um pouco e 2h30 estava lá, dormindo de novo. Agora são 15h10 e a soneca continua. Vamos ver até onde vai. Espero que ela recupere o soninho que foi perdido.
É tão complicado equilibrar a data especial, a empolgação de todos, o direito da família de curtir a bebê e as necessidades dela. Querendo ou não, a Ju não tem idéia do que é natal e, sinceramente, não faz a menor diferença. Ela só quer saber de ter sua rotininha respeitada. Mas ao mesmo tempo a gente não pode se isolar do mundo, proteger a menina de tudo. Afinal, mudanças de rotina acontecem as vezes, a data é importante para todos e querendo ou não era o primeiro com ela. Eu tenho que virar a mãe que protege a filha o suficiente para não agredi-la, mas também não ser a nora, a cunhada ou a filha chata e frescurenta. Sei que um dia ela vai curtir o natal, as tardes na casa das avós, as festas de aniversário. Mas tudo tem seu tempo.
Só sei que o Fabio já falou que não quer fazer isso com ela de novo tão cedo. A virada de ano novo vai ser em casa, acalmando Juju e Bonnie dos sustos com as porras dos fogos de artifício. E eu agradeço todos os dias pelo aniversário de um ano cair num domingo e permitir que a festa seja de tarde.
Você é incrível! Eu, nessa fase da minha vida, casada em sem filhos, sinceramente nunca tive nenhum interesse em ler sobre bebês mas você faz isso de uma forma tão envolvente e sincera que eu leio com gosto. É uma delícia! Beijoca.
ResponderExcluir