Exatamente um ano atrás eu estava conversando com uma amiga e com minha doula, também amiga, e cogitando a possibilidade de que as contrações que eu passei o dia todo sentindo fossem, na verdade, o início do meu trabalho de parto. Eu começaria a monitorar a frequência delas, tentaria dormir mas não conseguiria, elas ficariam mais fortes e ritmadas. Até que, na manhã seguinte, a Julia nasceria aqui em casa, num parto susto-surpresa.
A coisa que eu mais ouvi nesse último ano foi "vai passar". Na hora da dor das contrações, no medo inicial, na fase das cólicas, na dificuldade com a amamentação, na angústia da volta ao trabalho, nas crises de separação, nos saltos de desenvolvimento e nos picos de crescimento, no nascimento dos dentinhos, na hora da introdução de outros alimentos, nas noites mal dormidas, no cansaço. "Vai passar, vai passar, vai passar." Esse é o mantra da maternagem moderna. Todas as fases difíceis chegam, todo o medo assusta, toda a angústia dói. Mas as maternas se ajudam, se confortam e se relembram: "vai passar."
E realmente passou. Passou um ano inteiro! E eu percebi que não é só a parte difícil que passa. A parte boa também. Ela nem passa, ela voa. Agora eu sinto saudade do chorinho ardido da recém-nascida, de eu ser a única fonte de alimento, do cheirinho dos primeiros dias, da primeira papinha, da primeira engatinhada, do primeiro sorriso, da barriga de grávida, da emoção do parto. Tudo isso também passou.
Nessa véspera de aniversário estou muito feliz, muito saudosista, muito emocionada. E muito, muito cheia de amor.
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